Giovanna Boscolo, que atuou em “Chiquititas”, traz esperança para o Brasil nas Paralimpíadas de Paris
Giovanna Boscolo, conhecida por interpretar Michelle na versão mais recente de “Chiquititas” (2013), vai competir nas Paralimpíadas de Paris. Nascida em São Paulo, a atleta de 22 anos é uma das grandes esperanças para o Brasil conquistar uma medalha. Conheça!
Giovanna, de “Chiquititas”, nas Paralimpíadas de Paris
A jornada de Giovanna no esporte começou quando tinha 11 anos. Quando criança, a artista competia na ginástica aeróbica, se consagrando, inclusive, campeã brasileira, em 2014.
No entanto, Giovanna começou a apresentar lesões incomuns. Após realizar exames, a atleta foi diagnosticada com Ataxia de Friedreich, uma doença neurodegenerativa rara que afeta o equilíbrio e a coordenação.
Como resultado, Giovanna descobriu que não conseguiria fazer exercícios de longa duração. Em contrapartida, a redução nos treinos, bem como a condição rara, despertaram uma nova vontade na atleta: cursar biomedicina.
Em 2021, Giovanna começou um estágio na área da ciência do esporte, no Centro de Treinamento Paralímpico, localizado no Jabaquara, zona sul de São Paulo.
Trabalhando diretamente com a saúde dos atletas, a jovem analisava diversos dados para indicar possíveis mudanças nos treinos. Nesse meio tempo, Giovanna decidiu voltar para o esporte e começou no atletismo, em outubro de 2023, na classe F32, para pessoas com lesões cerebrais.
Atualmente, Giovanna é atleta das provas de arremessos de club, uma modalidade adaptada e de peso. O club é um instrumento semelhante aos bastões utilizados na ginástica rítmica e, no arremesso, o paratleta deve ficar sentado uma cadeira com altura máxima de 75 centímetros.
Com menos de um ano na modalidade, Giovanna onquistou um bronze no levantamento de club no Mundial de Kobe 2024, além de ouro e recorde americano no lançamento de club. Também ficou na quarta posição no arremesso de peso, no Grand Prix de Dubai 2024, conquistando uma prata no lançamento de club e no arremesso de peso no Open Internacional de atletismo 2024.
O que é e como tratar a Ataxia de Friedreich
A trajetória de Giovanna, marcada por muita luta, levou a atleta a fazer o TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) sobre a Ataxia de Friedreich, que não tem cura e requer cuidados para a vida toda.
Considerada uma doença genética, rara e degenerativa, a Ataxia de Friedreich é caracterizada pela falta de coordenação muscular e motora, que normalmente se inicia nos membros inferiores e acomete, posteriormente, os superiores.
Na prática, de acordo com informações da Rede D’or, pacientes com a condição produzem menor quantidade da proteína frataxina, tornando o coração, o pâncreas e o sistema nervoso central mais suscetíveis à ação prejudicial dos radicais livres.
A doença foi descoberta, pela primeira vez, em 1863, pelo cientista Nicholaus Friedreich. Entre outros sintomas, a síndrome pode causar dificuldades para andar e manter a coluna ereta, assim como lentidão nos reflexos e perda de sensibilidade dos membros afetados, surdez e cegueira.
Hoje, são 700 pessoas no Brasil registradas com a doença. “A minha deficiência causa um problema de equilíbrio, de coordenação, e muita gente brincava com: “Ih, bebeu”, essas coisas. Eu fazia um esforço muito grande para ‘ser normal’, entre aspas, mas não conseguia e ficava brava comigo. Mas não era minha culpa”, relembrou a atleta, em entrevista ao UOL.