Falas de Maíra Cardi mostram importância de incentivar que crianças tenham limites: “Não conseguia dizer ‘não’ e nem sabia que podia”
Em entrevista ao podcast “A CEO Tá On”, a coach Maíra Cardi fez um forte relato sobre abusos sexuais na infância. Segundo a influencer, ela sofreu com esse tipo de situação desde os quatro anos de idade – e o relato dela mostra a importância de ensinar crianças sobre livre arbítrio e limites relacionados aos próprios corpos.
Maíra Cardi faz relato forte sobre abusos sexuais na infância
Maíra Cardi, empresária e coach de emagrecimento, detalhou recentemente abusos sexuais que sofreu na infância. Segundo ela, foram anos de situações bastante difíceis – e ela não tinha sequer entendimento sobre o que acontecia, visto que tinha apenas quatro anos quando tudo começou.
Conforme contou Maíra, o primeiro abuso sexual aconteceu a partir de contato com um vizinho. “Ele sempre me abusava. Era um vizinho mais velho, e era sempre na piscina. Eu não gostava, me incomodava, sabia que aquilo estava errado, mas não sabia o que era. Me incomodava, eu ficava com falta de ar, me dava crise de ansiedade e eu não sabia descrever. Ele enfiava a mão por dentro da minha calcinha do biquíni”, declarou.
Na sequência, a coach narrou então outra situação, desta vez vivida aos sete anos de idade na escola. “Sofri um abuso com meu professor de ginástica olímpica, só que esse foi muito mais difícil de perceber, era na frente de todo mundo. Ele falava: ‘Senta aqui no meu colo’. Me esfregava na frente de todo mundo. Visualmente, ninguém via, mas eu estava sentindo”, afirmou Maíra.
Coach explica como criação possibilitou abusos
Ao relembrar a violência sexual sofrida na infância, Maíra frisou que parte das experiências têm relação com a criação que ela recebeu. “Eu fui treinada para obedecer, porque eu era uma ‘ótima criança’. Era: ‘Sim, senhor’. Você não questiona. Sofri vários abusos porque não conseguia dizer ‘não’. Nem sabia que podia dizer”, disse ela, exemplificando o impacto.
Segundo ela, na situação com o vizinho, ela se negava a chegar perto dele – mas, quando a mãe a incentivava, ela ignorava os próprios limites. “Ele falava: ‘Vem, Maíra, vem na piscina!’. Uma vez eu estava com a minha mãe e ela disse: ‘Vai, Maíra’. Eu era obediente. Não quer ir, disse duas, três vezes. Mas minha mãe falou e eu fui. Não porque queria – porque minha mãe mandou. Olha que grave que é ser obediente”, declarou.
Por fim, ela refletiu sobre esse tipo de criação. “Nenhum adulto me chamava para fazer alguma coisa e eu dizia ‘não’. Não se falava ‘não’ para adulto. Eu era treinada para: ‘Quando oferecer comida, diz que não quer. Mas se o adulto pedir alguma coisa, você faz’. O pai não tem ideia do perigo que é criar uma criança para não enfrentar, não falar ‘não quero’. Hoje eu cuido muito, sou até neurótica com minha filha. Quando ela fala ‘não quero’, ela não quer e ponto”, concluiu.