Ameba que “come” cérebro identificada na Argentina: o que mais causa e como age?

Um menino de 8 anos foi a primeira e, até agora, a única vítima do parasita Naegleria fowleri na Argentina. O micro-organismo é extremamente agressivo e popularmente chamado de “ameba assassina”, isso porque ao entrar no organismo humano, avança ao cérebro e o “come” até levar à morte. A tragédia ocorreu depois que a criança foi infectada nas águas da lagoa Mar Chiquita, na cidade de General Arenales, a cerca de 320 km de distância de Buenos Aires, em fevereiro de 2017, informou o jornal argentino Clarín.

O que é a “ameba assassina”?

A Naegleria fowleri pertence a uma família de amebas parasitas que tem outras 30 espécies parecidas, mas apenas ela é capaz de infectar humanos. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, trata-se de “uma ameba microscópica de vida livre (organismo vivo unicelular) encontrada em água doce quente (por exemplo, lagos, rios e fontes termais) e solo”.

A ameba precisa de ambientes cuja temperatura é superior a 46°C para se reproduzir, portanto, busca locais de água quente para sobreviver. Seu habitat mais comum são lagos ou rios, mas podem ser encontradas também em piscinas mal cuidadas, águas aquecidas de parques industriais e fontes de águas geotermais. Não vivem em água salgada, ou seja, mares e oceanos estão livres.

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O que a ameba faz?

Só há uma forma de infecção provocada pela ameba comedora de cérebros: apenas quando a água contaminada entra pelo nariz.

De acordo com Sixto Raúl Costamagna, ex-presidente da Associação Parasitológica Argentina, em entrevista ao Clarín, o risco de contaminação é muito baixo. 

Assim que entra pela narina, a ameba avança pelos nervos olfativos e pela lâmina crivosa até chegar ao cérebro. Lá, a Naegleria fowleri causa meningoencefalite amebiana primária, uma infecção cerebral que destrói o tecido cerebral.

Uma vez contaminado, escapar com vida é bastante improvável. A taxa de mortalidade global da ameba é de 97% dos casos de contaminação. A boa notícia é que os casos são muito pouco frequentes (entre 1962 e 2016, foram apenas 143 episódios nos EUA) e ocorrem geralmente no hemisfério norte do planeta (na América do Sul, apenas três casos haviam sido registrados na Venezuela, em 1998).

Para Sixto Raúl Costamagna, uma hipótese para a presença da ameba na Argentina é a elevação de temperaturas das águas de todo mundo decorrente do aquecimento global.

Sintomas da doença fatal

O menino infectado apresentou febre, cefaleia e vômitos, além de fotofobia (intolerância a luz) e sonofobia (intolerância a ruídos). A princípio, os médicos o diagnosticaram com meningite, mas pouco depois começaram os problemas respiratórios, os quadros de encefalite e paralisia dos brônquios e até convulsões. Foram de 5 a 7 dias entre a contaminação e a morte.

Além destes sintomas, o paciente pode também apresentar perda de equilíbrio, alucinações, confusão mental e rigidez no pescoço. Os especialistas argentinos recomendam que quem estiver com tais sinais deve procure um médico – e destacam que não deve haver pânico, pois é improvável que outro caso semelhante seja encontrado na região.

Doenças raras e muito perigosas