Em agosto de 2017, a atriz Taís Araújo fez uma palestra no evento internacional TEDxTalks. O discurso da famosa só foi divulgado em novembro e, imediatamente, repercutiu com força nas redes sociais. Nele, ela reflete sobre como é criar seus filhos dentro da sociedade atual.
O título da palestra da atriz foi “Como criar crianças doces em um país ácido” e, nela, Taís abordou temas como o racismo, feminismo e desigualdade social.
Taís Araújo no TED
Assim que começa sua fala, a atriz fala sobre a diferença de criar um filho e uma filha, já que é mãe de João Vicente, de seis anos, e Maria Antônia, de dois anos, frutos do relacionamento com o ator Lázaro Ramos. Apesar de tentar educar os dois de forma igualitária, ela não deixa de pontuar a diversidade.
“Quando engravidei do meu filho, fiquei muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Porque eu tinha certeza que ele estaria livre de passar por situações vivenciadas por nós, mulheres. Teoricamente, ele está livre, certo? Errado. Porque meu filho é um menino negro e liberdade não é um direito que ele vai usufruir”, afirmou a famosa.
Com isso, Taís refletiu sobre o preconceito ainda existente no Brasil e chegou a mencionar a violência policial “Quando ele se tornar adolescente, ele não vai ter a liberdade de ir à escola, de ônibus, com a mochila, com o seu capuz e com o seu andar adolescente sem correr o risco de levar uma investida violenta da polícia ao ser confundido com um bandido”, disse ela.
Ao falar sobre o tema, a atriz ainda lembrou que o preconceito de raça é agravado com a discriminação de gênero. “No Brasil, a cor do meu filho é a que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas, que blindem seus carros. A vida dele só não vai ser mais difícil do que a da minha filha”.
A atriz citou alguns dados que mostram os problemas que sua filha poderá enfrentar por ser uma mulher negra. “Observando o Mapa da Violência no Brasil, esse mapa é de 2015, os números são muito alarmantes. O número do feminicídio contra mulheres brancas caiu. Caiu 9,8%. É muito pouco para o que a gente deseja para as nossas irmãs brancas, mas caiu. Já o número de feminicídio contra mulheres negras aumentou 54,8%. É ou não para eu ficar apavorada?”, perguntou ela.
Problema de todo mundo
Taís Araújo citou os problemas sociais vividos pelos brasileiros como a desigualdade social e os preconceitos sexuais. “Como criar crianças que acreditem que pluralidade e diversidade são riquezas, em um país que é tão plural, que é tão diverso e que é tão desigual?”, questionou a atriz.
A atriz afirmou ter o sonho de ver o país se tornar mais respeitoso com as diferenças e que acredita que isso se tornará realidade quando as pessoas tiverem mais empatia. “As diferenças não são um problema, desde que elas não causem desigualdade e para isso acontecer, eu tenho a sensação de que a gente tem que começar a olhar para o outro com humanidade, com afeto. É um exercício”.
Para finalizar, ela ressaltou a importância da atitude individual de transformação. “Como eu posso melhorar a vida das pessoas? Fico pensando que talvez a gente tenha que transformar nossos pensamentos, nossas falas, em ação. E entender que as ações individuais geram impacto no coletivo e o coletivo é a nossa sociedade. As pequenas ações são valiosas e são capazes de mudar o mundo”, completou Taís.
Assista à palestra de Taís Araújo no TEDxTalks:
https://www.youtube.com/watch?v=H2Io3y98FV4
Famosos que inspiram
- “Quando estou gorda, estou feliz”: cantora prova amor próprio
- “Negra, periférica, nordestina”: modelo que fez história em concurso
- Foto de Mariana Xavier de lingerie ensina a amar nossos corpos