O trovador e guerreiro Jorge Vercilo > Prêmios, indicações e shows

BM: Em qual ano você foi indicado para o prêmio Sharp de melhor cantor pop ?

JV: Foi em 97, devido ao meu segundo disco, porque o meu segundo disco é um disco muito plural, ele tem charme produzido pelo Memê, tem Bossa Nova arranjado por mim e pelo Luis Avelar, tem reggae com participação especial do Cidade Negra e tem um mantra, que é uma coisa meio árabe, que eu cantei toda no falsete e essa música chamou muito a atenção das pessoas na época e eles indicaram para o prêmio Sharp. Na época eu concorri com o Lulu Santos e com o Edson Cordeiro. Só essa concorrência com os dois já foi um prêmio para mim, porque são duas feras…

BM: Você teve uma música classificada para o Festival da Música Brasileira, da Rede Globo, em meio a 28 mil concorrentes. Esta classificação já foi um prêmio, ou ficou um gostinho de quero mais ?

JV: Olha, foi uma grande honra já ter sido classificado entre os 28 mil concorrentes e eu acho que a gente tinha que fazer parte de um recenseamento da nova geração da MPB, eu acho que o festival foi super válido. É claro que eu gostaria de ter ido para a final, acho até que merecia, não só eu, mas outras pessoas que eu vi. Eu acho que o critério dos jurados foi muito ruim…

BM: Você acha que o festival foi tendencioso ?

JV: Não eu não achei que houve….Quer dizer, tendencioso a partir do momento que são pessoas julgando. A partir do momento em que são seres humanos há uma tendência e até por causa dessa tendência deu no que deu: todo mundo falando mal, quer dizer, por acaso a tendência foi por outro lado. Mas eu não falo só de mim, eu vi em outros dias e no próprio dia em que eu participei ótimas músicas que não foram classificadas, eu acho eu as piores músicas foram classificadas e não deu para entender muito isso, mas de qualquer maneira eu acho que foi super válido. Na verdade eu usei o festival porque três dias depois da minha apresentação no festival eu estava cantando no Canecão, então eu falo isso abertamente, como eu já conheço, sei que a gente não pode contar com essa coisa de festival eu falei: Olha, eu vou me inscrever, vou cantar lá, quer dizer, quando eu vi que estava classificado eu pensei: eu vou cantar no dia 19 e no dia 23 vou fazer o Canecão. Eu até marquei o Canecão em função disso. Isso funcionou muto para mim, o Canecão estava lotado.

BM: Foi você que bancou o show do Canecão ?

JV: Foi, mas graças a Deus não tive prejuízo, tive um retorno legal e queria ressaltar que a maioria das pessoas que foram ao Canecão, foram por causa do meu trabalho de execução na rádio no Rio de Janeiro e não somente por causa do festival, mas ajudou, é mais uma coisa que ajuda. Outra coisa que eu gostaria de falar, e que tem que ser falada: eu fico muito contente em saber que eu fui classificado entre os 48, mas gostaria de falar que a nova geração da MPB tem muito mais do que 48 artistas, eu rodo pelo Brasil e eu conheço muita gente boa que está aí, apta a fazer sucesso, a ter uma carreira e não tem oportunidade, como eu até pouco tempo não tinha, espero que apareçam mais oportunidades, que se abram oportunidades para novos talentos, amigos meus que eu vejo em situações do tipo estar gravando o disco cheio de dificuldades, bons trabalhos. E não sei até que ponto eu fui classificado, talvez até por eu já ser um artista, já ter cinco músicas em novelas… Até que ponto outras pessoas que foram classificadas, também foram por isso? Assim: Ah, esse nome aqui eu conheço, tira esse aqui, esse outro também…

BM: Tipo Chico César, Cláudio Nucci, Zé Renato…

JV: Exatamente. É esse tipo de coisa que não tem que existir, não sei até que ponto rolou isso, mas uma coisa foi clara: essas pessoas não foram para a final. Agora, será que as músicas que foram para a final foram as melhores ? Eu tenho certeza que não, porque tem muita gente reclamando, mas eu acho que, de uma forma geral, o festival foi válido, eu acho que a Globo teve a maior das boas intenções, a equipe da Globo, o Renato Ladeira, o Roberto Talma, que eu vi pessoalmente trabalhando e que não se envolveram com a escolha dos jurados, eles tiveram a maior das boas intenções e eu acho que foi válido.

BM: Em 89 e 90, você participou e ganhou o Festival Internacional dos Trovadores. Como foi isso ? Como você foi parar lá ?

JV: Eu tocava na noite e foi uma primeira oportunidade de experiência no exterior pra mim, eu estava tocando em um hotel no Leme, no Leme Palace, aí chegou um empresário de Curaçao e me chamou, gostou do meu trabalho, da minha música e me chamou para participar, para eu representar o Brasil no festival, se eu gostaria. Aí ele falou: ?Olha, você manda a sua música que a gente vai ver se vai ser classificada e tal?… Aí um mandei uma música chamada ?Alegre?, que abre o meu primeiro disco, um afoxé com um refrão contagiante e aí esta música foi classificada e terminou em primeiro lugar lá. Foi bom porque eu peguei alguns ganchos de imprensa pra eu vir pro Rio, foi uma experiência muito legal. Lá fora eu vi como o mundo admira, ama e segue a música brasileira.

BM: E isso te abriu portas para o mercado internacional ?

JV: Não, na época porque eu não falava bem inglês, falava só um pouco de espanhol, que é mais fácil e também não tinha disco. Todos os artistas que estavam participando tinham disco, menos eu, que tava tocando na noite, tava no início, no processo profissional. Eu estava muito verde ainda, mas foi uma experiência muito legal. Eu acho que deu para medir minha musicalidade em relação a esse lugares e foi um aprendizado maravilhoso, mas eu acabei não retomando isso, quer dizer, hoje eu tenho vontade de trabalhar este disco ?Leve? no exterior, mas eu estou me concentrando mais por aqui, por enquanto. Eu trabalho direto o Brasil. Estou no Rio de Janeiro, vamos fazer agora uma temporada no Teatro Rival, de 1 a 4 de novembro e depois desse show eu vou fazer 14 e 15, 21 e 22 de novembro no Teatro Miguel Falabella, no Norte Shopping e eu estou muito contente com isso. Em dezembro eu vou para o Nordeste.