Basta as festas de fim de ano passarem, para o desespero – e a gordura – tomar conta de nossos corpos. Após muitas rabanadas, panetones e outras guloseimas, chega a hora de encarar o estrago. E o pior, em pleno verão dos trópicos. Para voltar ao peso ideal, uma dieta cai bem. Mas como encarar aquela saladinha depois de dias se entupindo de alimentos tão saborosos? Como se contentar com um mísero potinho de gelatina diet? Não se desespere! A novidade, que diz ser possível fazer regime – e perder peso – sem abrir mão do sabor, é a dieta grega.
Quem afirma isso é o criador da própria, o médico grego Fedon Alexander Lindberg. Diferentemente da maioria das dietas, que contam calorias, a dieta grega conta o índice glicêmico (IG) dos alimentos. Tanto que o médico sugere um cardápio de duas mil calorias diárias – isso mesmo, duas mil! –, levando em consideração o IG dos carboidratos. Mas afinal, o que é índice glicêmico? Para quem estava acostumada a contar calorias, pontos ou pesar a comida, esqueça tudo o que aprendeu até agora, e puxe uma cadeira. A aula de nutrição já vai começar.
Quando você come um sanduíche de queijo minas, peito de peru e salada, o pão, rico em carboidratos, é a fonte de energia mais rápida da refeição. O que o grego Lindberg quer mostrar com sua dieta é que, esse mesmo carboidrato, acostumado a ser encarado como vilão na luta contra a balança, não é tão ruim quanto se imaginava. Basta saber diferenciar os diversos tipos existentes. Os carboidratos simples, encontrados em batatas, pães brancos e doces, têm um alto índice glicêmico. Isso significa que ao ingerir esses alimentos, o açúcar contido neles é rapidamente absorvido pelo organismo. De consumo indicado após a prática de exercícios muito intensos, eles repõem a energia perdida. Mas, se você não praticou exercícios, o açúcar que está no sangue é armazenado, aumentando em alguns milímetros tudo o que você só quer diminuir.
No livro A Dieta dos Deuses (Ed. Gente), recém-lançado por Lindberg, o autor explica o princípio da alimentação grega. “O índice glicêmico é um método cientifico que ajuda a escolher os carboidratos corretos. Aliados à quantidade ideal de proteínas e gorduras benéficas, irão permitir ao seu organismo alcançar uma saúde balanceada. Esse princípio nutricional evita a obesidade e ajuda pessoas com sobrepeso ou obesas a atingir uma redução gradual de peso e melhor saúde”, garante Lindberg.
Mas a dieta grega não se resume a saber escolher os carboidratos. Lindberg ressalta a importância de se adicionar determinados alimentos ao cardápio. “A tradicional dieta Mediterrânea, especialmente a dieta grega – alta em azeite de oliva, peixe, vegetais, feijões, lentilhas e frutas, e baixa em batatas, carne vermelha e laticínios –, tem sido reconhecida, nos últimos 40 anos, por ser particularmente saudável. Ela é o ponto de partida para esse livro”, explica o autor. Apesar de ser pouco difundida nos trópicos, é altamente recomendada dentre médicos brasileiros. O nutrólogo Francisco Silveira é um dos entusiastas da prática. “A maioria das dietas não passa de picaretagem, mas esta existe há muitos anos e é extremamente saudável. Baseada na alimentação mediterrânea, indica o consumo de peixes, folhas, legumes, e muito azeite de oliva, para controlar o colesterol. Tudo isso faz muito bem à saúde. Já nossos hábitos alimentares são péssimos. Usamos o azeite para fritar – o que acaba com suas propriedades –, comemos muita batata – que é um carboidrato complexo, terrível –, e nossos pães contêm centeio e glúten em excesso”, alerta Dr. Francisco.
Controlando o índice glicêmico
Para quem está habituado a saborear um pão quentinho diariamente, controlar a ingestão de carboidratos soa como um pesadelo. Mas isso não significa que, para emagrecer, devemos cortar o pão nosso de cada dia. Basta optar por carboidratos de baixo índice glicêmico e, conseqüentemente, mais indicados em dietas de emagrecimento. O integral com grãos tem apenas 68 IG, enquanto que o sírio tem 87 IG. Já o pãozinho francês continua na lista negra, com um descarado IG de 136.
Apesar de parecer difícil sair decorando o IG dos alimentos, a nutricionista Mariana Fernandes Costa garante que vale o esforço. “O IG é uma forma de vermos qual o efeito dos alimentos – no caso os carboidratos – em nosso corpo. A dieta grega leva as pessoas a entenderem o que estão comendo”, explica. E para quem pensava que ela era recomendada apenas a diabéticos, ledo engano. “Por uma questão de prevenção, é boa para qualquer pessoa. Nosso organismo se adapta aos alimentos ingeridos, por isso o ideal é manter uma regularidade quanto ao que se come”, diz Mariana.
A nutricionista Larissa Cohen dá algumas dicas para diminuir o índice glicêmico dos alimentos. “A ingestão de fibra é uma boa saída. É como se ela se abraçasse à glicose e à gordura, facilitando a excreção destes componentes nas fezes. Assim, a fibra acaba diminuindo o índice glicêmico. Quando mais fibra se ingere, menos glicose se absorve. Portanto, ajuda a emagrecer”, explica Larissa, acrescentando que exatamente por este motivo, as fibras são indicadas na alimentação de diabéticos. “É uma forma de retardar o índice de glicemia, e diminuir a absorção de glicose – o maior perigo para os diabéticos. Não adianta sugerir uma dieta restritiva, pois as pessoas não conseguem seguir. Dietas que emagrecem muito rápido, também engordam muito rápido. O ideal é saber que alimentos devem ser ingeridos simultaneamente, para facilitar a excreção dos açúcares”, diz.
Disposta a aumentar a ingestão de fibras? Siga o conselho da nutricionista. “Verduras, legumes, frutas e cereais integrais têm muita fibra. Sabe aquele fio branco em volta do gomo da tangerina? É fibra pura. As pessoas costumam tirar, mas não faça isso. Assim você diminui de maneira saudável o índice glicêmico dos outros alimentos que ingere”, sugere Larissa. Mãos à obra, e saúde em dia. Para quem fez promessa de emagrecer em 2006, a dieta grega é um prato cheio!