Férias escolares

Julho está chegando e com ele uma dúvida começa a permear a cabeça dos pais: o que fazer com o filho nas férias? As dúvidas aumentam quando o recesso de meio de ano do dele não coincidem com o seu. Caso você faça parte deste grupo de pais que continuam trabalhando enquanto o rebento faz uma “paradinha básica”, vale a pena considerar alguns aspectos importantes.

É certo que cada família tem uma estrutura de funcionamento e, portanto, opções pessoais sobre o que fazer no período das férias escolares. Para algumas, é o momento de as crianças passarem com parentes que moram mais longe, para outras, receber primos ou amigos em casa. Porém, quando as opções são mais reduzidas e a escolha fica entre deixar o filho em casa ou colocá-lo em colônias de férias ou outros locais que desenvolvem atividades infantis especialmente para estes momentos, precisamos resgatar quais são a necessidades e a noção de descanso para a criança, após seis meses de investimento intelectual.

É preciso no momento da escolha do local avaliar a proposta das atividades, lembrando-se de que tudo deve ser leve e lúdico. Afinal, é o que o momento pede!

Durante o período de aula é exigido do aluno um esforço de ordem intelectual, na medida em que está em constante reflexão para dar conta da conquista de novos conteúdos, conhecimentos e informações, além do compromisso (nem sempre tranqüilo) com os deveres e trabalhos de casa, como também com as avaliações. Portanto, nada mais justo e necessário que uma pausa para descanso.

Descanso para a criançada, porém, não é necessariamente sinônimo de calmaria, muito menos ficar de pernas para o ar o tempo inteiro. Pelo contrário, esta atitude seria absolutamente improdutiva, uma vez que a criança tem energia para dar e vender. É importante saber o que fazer com o tempo livre e desenvolver atividades que de alguma forma estimulem o conhecimento, gerem prazer e sobretudo, agreguem valor.

Por outro lado, para que as férias não percam seu verdadeiro sentido – o do lazer – é necessário entrar em contato com o novo, com o diferente, com atividades que não fazem parte da rotina do dia-a-dia. Só assim as férias têm grandes chances de se tornarem agradáveis e até mesmo inesquecíveis. Neste sentido, é importante questionar a validade de ficar em casa, numa postura passiva, diante da televisão ou dos jogos.

Seguindo este raciocínio, uma boa opção são as colônias de férias ou demais centros infantis. Desta forma, a criança estará em contato com um grupo de amigos da mesma idade, participando de propostas que estimulem o conhecimento, a autonomia, o esporte, as aptidões artísticas e a cultura. É o momento de dar asas à imaginação e incentivar os interesses artísticos e a criatividade da criança através de atividades como pintura, música, dramatização, histórias, assim como a prática de esportes e jogos, aliando a diversão à produção.

Contudo, é preciso no momento da escolha do local avaliar a proposta das atividades, lembrando-se de que tudo deve ser leve e lúdico. Afinal, é o que o momento pede! Não esquecendo também de levar em conta a segurança do lugar. Vale investigar quantas pessoas estarão responsáveis pela turma e a capacitação profissional do grupo.

Outra questão que deve ser relevada durante o período de recesso escolar é que o aprendizado e certas atividades de rotina não saem de férias. Alguns pais abrem mão por completo da rotina e “liberam”, por exemplo, o horário de acordar e dormir, os hábitos alimentares etc. É preciso ter equilíbrio, isto é, não ser tão rígido na programação nem deixar as coisas tão soltas. É claro, algumas questões são negociáveis e também justificadas por conta do período, porém com os necessários limites. Não se pode perder de vista que a formação de hábitos e valores não deve parar nunca. Além do que, pode prejudicar a adaptação na volta às atividades escolares.

Então, para os pais que por algum motivo se sentem culpados por não poderem aproveitar as férias do filho com eles, relaxem. Lembrem-se de que a única rotina alterada foi a dele e não a sua. E pensar sobre como deixar seu filho aproveitar o tempo longe da escola, programando atividades produtivas, enriquecedoras e prazerosas para ele, é tranqüilizador para você.

Márcia Mattos é psicopedagoga e pedagoga do Apprendere Espaço Psicopedagógico.