Para Priscila Faria Gaspar, a amizade entre homens e mulheres pode existir sim, sem que haja um interesse de um algo a mais por uma das partes. Ela explica: “É natural que exista amizade tanto com pessoas do mesmo sexo quanto do sexo oposto. No entanto, as pessoas, em geral, se sentem mais seguras quando o parceiro tem amigos do mesmo sexo, por acreditarem, erroneamente, que só pode haver um contexto “sexualizado” entre amigos de sexo oposto”.
A psicanalista ainda cita Freud, que colocou muito bem que a amizade é o afeto onde a sexualidade está sublimada. Ou seja, a sexualidade não é genitalizada, mas existe em qualquer relacionamento humano. Daí, a ser uma ameaça, há uma grande distância.
Sentindo ciúmes ou não, o importante é aprender a respeitar o espaço do outro. É impossível controlar a vida do parceiro. Querer determinar com quem ele pode ou não se relacionar é dar um tiro no próprio pé. Muitos relacionamentos acabam se desgastando por conta de ciúmes excessivos. E a maior parte dos homens não gosta de ser controlada. “Não admito que namorada nenhuma tente controlar minha vida, corto logo. E para aquela pergunta clássica ‘ou ela ou eu?’ já tenho a resposta na ponta da língua. Não tem como ficar com uma pessoa que não respeita o seu espaço, as suas amizades. Acho falta de confiança”, diz o músico Renato Barcelos. Já Diego pondera: “Se for só uma colega, tudo bem, até me afasto, mas quando é amiga mesmo, tento fazer com que minha namorada entenda também o meu lado”.
Apesar da pontinha de ciúme ser inevitável, elas também têm suas táticas para lidar melhor com o “problema”. A carioca Marcelle Lima revela que procura ficar amiga das amigas dele. Assim, em vez de inimigas, ela faz aliadas, que podem até ajudar no namoro. “É interessante aproximar-se dessa pessoa e ser amiga também, respeitando, obviamente, que eles tenham certa privacidade, principalmente em se tratando de amizades de muito tempo. É claro que se o rapaz tem uma amiga de infância, tem com ela vínculo, afeto e até mesmo assuntos que não partilha com a namorada recente. E esse espaço tem de ser preservado!”, observa Priscila Gaspar. Já a estudante Bianca Santos, não quer saber dessa história de amigas: “Só se eu aprovar! Se eu achar que há um interesse, mínimo que seja, corto logo essa amizade! Hoje em dia não dá pra dar bobeira com a mulherada caindo em cima!”. Mas, o que fazer para lidar melhor com todo esse ciúme do parceiro? Afinal, o sentimento nem sempre é controlável, e muito menos fácil de se lidar. Para aquelas que continuam sofrendo deste mal, a psicanalista Priscila Gaspar aconselha: “É bom tentar desenvolver o desapego, ou seja, distinguir amor e posse”.