Esconder a gravidez põe em risco vida de mãe e filho

Marianna Feiteiro

Do Bolsa de Bebê

A gravidez é algo que muda completamente a vida dos pais e dos familiares mais próximos. Desde o início, ela exige que algumas renúncias sejam feitas e, caso não tenha sido planejada, o cenário se complica ainda mais. Das muitas preocupações que a gestação indesejada pode gerar na mulher, talvez a primeira seja o medo da desaprovação dos pais e amigos, o que acaba levando muitas a tentarem esconder a gravidez. No entanto, as consequências desse ato podem ser muito graves e apresentam riscos à saúde mental e física da mãe e do bebê.

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Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Domingos Mantelli, a prática mais comum nessa situação é o uso de cintas modeladoras para disfarçar a barriga. Ele alerta que esse truque pode trazer complicações seríssimas para o organismo da mãe e do bebê, podendo levar até à morte. “Dependendo de quão apertada está a cinta, ela pode causar a compressão do útero, da bexiga e de artérias e veias importantes, levando a sérias complicações vasculares, inchaço e, eventualmente, à ruptura de órgãos, que pode causar a morte da gestante.” Em relação ao bebê, a compressão do útero pode ocasionar um trabalho de parto prematuro e compressão da placenta ou cordão umbilical, o que dificulta a chegada de nutrientes e oxigênio para a criança. “Pode haver ainda sangramentos por descolamento da placenta, levando ao óbito do bebê e da gestante”, alerta o especialista.

Outro risco é a má nutrição do feto, uma vez que a gestante pode deixar de se alimentar corretamente também na tentativa de esconder a barriga. A prática pode levar à desnutrição materna e fetal, além do crescimento restrito da criança dentro do útero, parto prematuro e diminuição do líquido amniótico. Em casos extremos, pode causar má formação fetal e até morte do bebê e da mãe, em decorrência de complicações. “A situação mais visível é o baixo peso do bebê, e isso é um problema que interfere diretamente no desenvolvimento saudável da criança”, afirma Dr. Domingos. “Ela pode desenvolver distúrbios metabólicos, déficits cognitivos, déficits de aprendizado e, em casos mais graves, até retardo mental”, completa.

O feto ainda pode ser prejudicado psicologicamente. Segundo Dr. Domingos, tudo que a mãe sente, come, bebe ou fala é transmitido à criança e gravado em sua memória inconsciente, podendo refletir de maneira negativa na vida extrauterina. “O estresse faz liberar uma série de hormônios, como adrenalina e cortisol, que passam para o bebê e causam alterações físicas e psicológicas. Já está comprovado que filhos de gestantes que passaram por estresse muito grande durante a gestação têm maior chance de desenvolver síndromes depressivas, hiperatividade, déficit de aprendizado e até doenças psiquiátricas, como esquizofrenia”, explica.

Por fim, a mulher que esconde a gravidez geralmente desenvolve uma atitude de negação muito forte e acaba não realizando os exames do pré-natal, o que a deixa mais exposta aos riscos de doenças como diabetes gestacional, hipertensão e insuficiência placentária.

Veja como deve ser a alimentação da mulher durante a gestação: