O que se passa na cabeça do seu cachorro de estimação? Por que seu gato praticamente entra em desespero quando a tigela não está cheia de comida?
Existe uma separação clássica que aprendemos desde os primeiros anos de escola: animais racionais e irracionais.
Por conta disso, tendemos a acreditar que o fato de não falarem e de não se expressarem como nós, seres humanos, faz dos animais seres inferiores, desprovidos da capacidade de pensar. Ledo engano.
Linguagem animal
Mais ou menos até a década de 1960 muitos cientistas acreditavam que os esforços para buscar inteligência em animais eram todos em vão.
Muito tempo antes disso, porém, Charles Darwin já acreditava que os animais também dotavam de inteligência e sentimentos – ainda que em níveis distintos se comparados ao homem.
Em 1984 Donald Griffin, especialista em comportamento animal da Universidade de Harvard, relacionou a interação dos bichos como uma forma de denotar pensamento consciente.
A forma com que os chimpanzés colocam as mãos no rosto (como se tivesse vergonha) ou a ‘dancinha’ de abelhas para indicar a posição de uma flor à colmeia: para Griffin, essas eram expressões de inteligência e perspicácia. “Pensamento consciente também é evidenciado pelo uso de sinais comunicativos intencionais, para transmitir significados específicos”, constatou Griffin.
Foi a partir de então que os cientistas perceberam: para entender o que os animais estavam pensando, seria preciso decodificar a linguagem deles. O paradoxo é que a linguagem dos bichinhos é bem diferente da nossa.
Inteligência animal: diferente de inteligência humana

O cientista Herbert S. Terrace, da Universidade de Columbia, aprendeu isso na prática. Em 1985, ele tentou ensinar termos gramáticos básicos a um grupo de chimpanzés. Não teve sucesso algum. Chegou à conclusão que “havia pouca evidência de que eles pudessem usar símbolos como se fossem nomes”.
Mais a fundo na natureza do pensamento animal, Terrace descobriu que os bichos podem “formar representações a partir das particularidades de seu ambiente”.
Os animais adquirem novas percepções com o passar dos anos. Tudo depende da convivência, da troca de habitats, enfim, por uma série de fatores.
Ao miar sem parar, os gatos domésticos estão agindo com inteligência. Aprenderam que, quando as crianças choram, geralmente conseguem o que quer. Exatamente por isso, consideramos no dever de alimentar nosso bichinho.
Inteligência emocional dos cachorros
Numa pesquisa de 2005, a psicóloga e especialista em comportamento animal Alexandra Horowitz mostrou que cães sabem distinguir quando alguém lhes dá atenção ou não, mesmo que seja entre eles. Se um cão estiver brincando com outro e se sentir ignorado, ele vai emitir algum sinal – pode ser uma patada, ou mesmo uma latida.
Especialistas classificaram esse fenômeno como uma ‘teoria da mente’ do cachorro, ainda que seja rudimentar por falta de pesquisas mais aprofundadas.
Por esse e outros motivos os cães são dotados de uma inteligência emocional ímpar. Ao olhar o seu dono, ele sabe o que ele está pensando. Também sabe se nos importamos com algo que ele está fazendo.
Uma pesquisa recente da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Lincoln (Reino Unido) mostrou que não é preciso ter vínculo afetivo algum ou treinamento específico para que um cão saiba distinguir o que sentimos.
O britânico Daniels Mills, que participou da pesquisa, reforçou a importância dessa constatação: “Nossa descoberta é a primeira a mostrar que os cachorros reconhecem verdadeiramente as emoções humanas e de outros cães”.
Cachorro entende o que falamos
Outra descoberta incrível e ainda mais recente é a de que os cachorros entendem o que falamos, e o mais surreal: entendem também como nós falamos. A pesquisa da Universidade Eötvös Loránd, Hungria, fez testes com várias raças e descobriu, através de análises do cérebro dos animais, que eles entendem entonação que damos à fala e ainda podem diferenciar palavras importantes para eles. Apenas as mais “relevantes” para os bichanos eram processadas no hemisfério esquerdo do cérebro. Já aquelas que eram indiferentes e não significavam muito para os cães, não eram assimiladas. Não é demais?
Você sabia? Porcos são mais inteligentes que cães e chimpanzés