Além do futebol jogado, o que mudou muito entre os anos que o Brasil ganhou os cinco títulos da Copa do Mundo de futebol foram as bolas usadas. A cada ano, a empresa responsável produz melhorias tecnológicas para aperfeiçoar as bolas e, aproveitando o apelo comercial, batiza cada uma delas com nomes que se tornam ícones.
Abaixo, listamos as cinco bolas usadas durante as Copas em que o Brasil saiu campeão e mais duas que ficaram bem famosas – a Jabulani e a Brazuca. De 1958 até 2014, desde o material usado para revestimento até o peso, design e cores mudaram e se aperfeiçoaram.
Bola da Copa do Mundo de 1958
A primeira Copa do Mundo disputada ocorreu em 1930, mas foi somente na Copa da Suécia, em 1958, que a Fifa decidiu eleger a bola oficial por meio de uma competição. Entre as mais de cem candidatas, a eleita foi a Top Star, feita pela companhia sueca Sydsvenska Laderoch Remfabriken.
A inovação tecnológica dela era o material de revestimento: couro tratado com cera impermeabilizante já que a água era um problema para as bolas da época, elas encharcavam e ficavam bem mais pesadas.
Uma curiosidade é que a Top Star tinha três modelos de cores. Em partidas com chuva ou campo molhado, como na final, a branca era usada; nas condições normais entravam em campo era a amarela ou marrom.
Bola da Copa do Mundo de 1962
Na edição seguinte do torneio, disputada no Chile, a bola recebeu o nome de “The Crack”, que em inglês significa algo como “fragmentada”. Isso porque ela era composta por 18 polígonos costurados e irregulares – cada um era de um tamanho. Popularmente chamados de “gomos”, essas partes da costura que revestem as bolas também recebem o nome de “painéis”.
Tecnicamente, a grande inovação da Crack foi o pino de ar para encher a bola, a válvula de inflação. Ao produzirem, pela primeira vez, esse importante acessório com látex, conseguiram fazer com que o ar ficasse mais tempo retido dentro da bola – sim, bola murchar na partida era um problema até 1962.
Bola da Copa do Mundo de 1970
A icônica Telstar Durlast ficou tão famosa que até hoje esse modelo de 32 “gomos” pentagonais e hexagonais é sinônimo visual de bola de futebol. Foi a primeira produzida pela Adidas, que desde essa edição no México até hoje é responsável pelas bolas dos mundiais.
De acordo com o site World Cup Balls, o nome é uma junção entre “television” e “star” – televisão e estrela, em inglês. Mas também acabou sendo uma referência ao satélite Telstar, que transmitiu o sinal da Copa para o mundo inteiro naquele ano. Isso tudo porque ela foi a primeira Copa transmitida por satélite.
Feita de couro, ela era processada e costurada à mão. O que não significa que era rudimentar, muito pelo contrário: a Telstar usou toda a tecnologia da época a seu favor.
Dentro das bolas, até hoje, há uma espécie de bexiga de borracha que infla de ar. Na Telstar, utilizou-se a última geração de borracha de látex e aprimorou-se a válvula de ar, garantindo uma forma esférica não experimentada até então. A superfície externa foi revestida de um plástico especial batizado de ” Durlast“. Por conta disso, nunca antes uma bola teve seu couro impermeável.
Bola da Copa do Mundo de 1994
Como a Copa de 1990, disputada na Itália, teve a média de gols mais baixa da história (2,21 gols por partida, segundo o site especializado FutDados), a Adidas concluiu que a chave para reverter isso era fazer uma bola mais leve e que respondesse mais rapidamente ao chute.
Foi com foco em temas de inovação e busca de perfeição que nasceu a Questra, uma antiga palavra que significa “em busca das estrelas, segundo o Soccer Ball World, site focado na história das bolas de futebol.
Seguindo uma tendência estética de homenagear o país sede, a bola comemorou os 25 anos da chegada do homem (norte-americano) à lua com decoração de planetas, estrelas e constelações. Deve ter sido por isso que Roberto Baggio chutou aquele pênalti para o céu!
Fabricada a partir de cinco materiais diferentes, a camada externa da bola era mais flexível e durável, feita de poliuretano. Mais leve, a Questra elevou o número de gols na edição e privilegiou os artilheiros, vide a quantidade de gols que Romário fez na Copa. Com 141 gols no total, a Copa USA 94 balançou as redes 26 vezes a mais do que na edição anterior.
Bola da Copa do Mundo de 2002
Somente na Copa disputada na Coreia e no Japão a pintura preta de triângulos curvos, estruturado desde 1978, foi mexido. Mas o maior impacto foi mesmo estrutural. A Fevernova era feita com materiais internos como espuma sintética e “balões ocos”.
Essas estruturas internas eram pequenos compostos de ar inseridos para diminuir o peso. Ela tinha três milímetros de espessura e muitas camadas tecnológicas que, fisicamente, convertiam a força do chute em aceleração da bola com quase nenhuma perda dessa força e mantendo a Fevernova esférica durante o voo.
Ao contrário do que se possa imaginar hoje, o efeito na época foi uma enxurrada de críticas, principalmente dos goleiros. Eles diziam que ela teria ficado leve demais, o que deixou seu movimento imprevisível.
Jabulani
A grande polêmica do mundial de 2010 na África do Sul foi a Jabulani, uma das bolas mais odiadas de todos os tempos. De acordo com o World Cup Balls, ela foi apresentada como uma “joia tecnológica”.
Desenvolvida pelo time de inovação da Adidas, a bola apresentava oito painéis em sua superfície que deram a ela uma forma esférica tão lisa e perfeita como nunca antes havia sido alcançada.
Diferente das bolas que antes eram costuradas, esses “gomos” da Jabulani eram soldados tecnologicamente para aperfeiçoar a aerodinâmica. Isso afetou tanto o movimento da bola que a tornou imprevisível tanto para quem chutava quanto para quem defendia.
Por isso os jogadores a consideraram um desastre vergonhoso e ela foi tão criticada.
Brazuca
A novidade da Copa de 2014 no Brasil foi o número recorde de painéis da bola – apenas seis. A questão da aerodinâmica criticada na antecessora foi resolvida, e as cores também chamaram muita atenção por apresentarem uma paleta inédita para as bolas.
Aliás, os designers se inspiraram nas famosas fitinhas do Senhor do Bonfim para chegarem a essa coloração da bola. O nome foi eleito por mais de um milhão de votos na internet e ganhou a disputa entre as opões “Bossa Nova” e “Carnavalesca”.
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