João Pereira de Souza morava em Fortaleza. Com mais de 60 anos, recebeu uma proposta de emprego para trabalhar na praia de Provetá, em Ilha Grande (RJ). O tempo passou e a pessoa que o chamou pra lá morreu. Ele acabou se casando com a viúva e decidiu morar lá mesmo.
Ao andar pela praia, por volta de 2011, ele se deparou com uma cena incomum: viu um pinguim encharcado de óleo. Arrastado pelas ondas, o bicho estava tão debilitado, que João decidiu cuidar dele.
Durante uma semana, cuidou dele, deu banho e o alimentou diariamente com os peixes que costumava pescar. Ele até deu um nome ao pinguim: Dindim.
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“Ninguém toca nele”
Depois de recuperar as forças, João colocou Dindim no mar novamente, para que ele regressasse. Dindim é um pinguim-de-magalhães, típico da região próxima à Argentina e ao Chile, numa extensão de quase 8 mil km.
Desde então, todo ano ele volta para reencontrar João – e somente ele. “ Ninguém pode tocar nele. Ele pica quem fizer isso”, disse, em entrevista à TV Globo. “Amo esse pinguim como se ele fosse meu filho e acho que ele me ama também”.
O pinguim-de-magalhães costuma nadar por milhares de quilômetros na região da Patagônia. Ao contrário dos pinguins mais comuns de regiões frias, como Polo Sul, esta raça sobrevive em temperaturas médias entre 15°C e 0°C, sob os mares. São conhecidas por sua fidelidade à região.
Sua época de reprodução é geralmente entre setembro e fevereiro. Segundo João, geralmente Dindim vem em julho e fica até fevereiro do ano seguinte em Provetá.
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De acordo com o professor de oceanografia David Zee, as mudanças climáticas podem justificar esse encontro entre João e Dindim: “Todo ano as fortes correntes dos oceanos da região das Ilhas Malvinas trazem diversas espécies de focas, baleias, golfinhos, tartarugas e pinguins para a costa brasileira. Isso está se tornando mais problemático por conta das mudanças ambientais e o aumento da frequência do fenômeno El Niño, em que o Oceano Pacífico se aquece por longos períodos de tempo”.