Um evento climático está “invertendo” as temperaturas da Europa e do Polo Norte do planeta. O fenômeno, resultante de uma divisão no vórtice polar, é o responsável por fazer subir a temperatura do Ártico (a ponto dos níveis de gelo estarem muito baixos) e reduzir drasticamente os graus dos países europeus.
Vórtice polar é o culpado
No Ártico, forma-se um grande redemoinho de ventos em torno de uma área de baixa pressão atmosférica, chamado vórtice polar, segundo informa o Potsdam Institute for Climate Impact Research. Este vórtice polar está associado com o ar frio da região – que, obviamente, fica ainda mais frio durante o inverno. Este fenômeno é comum e se torna mais intenso sempre nesta temporada do ano. O problema dessa vez é que o vórtice se dividiu em dois.
O resultado deste rompimento temporário do vórtice polar é que dois conjuntos diferentes de redemoinhos carregados de ar gelado passam a vagar pelo hemisfério norte. E, de acordo com a reportagem do site norte-americano The Weather Channel, as duas rotas são a costa leste da América do Norte e o corredor norte da Eurásia.
Na Europa, estes ventos são tradicionalmente chamados de “a besta do Oriente” e dessa vez são realmente fortes: carregam temperaturas em média 2°C mais baixas por toda Rússia (da porção asiática até a europeia), Escandinávia, Alemanha, França e Reino Unido, trazendo consigo potenciais nevascas.
Em Londres, por exemplo, a temperatura média para fevereiro gira em torno de 7°C. Este ano, o termômetro varia entre -1°C e 5°C.
Polo norte tem “temperaturas altas”
Neste momento, algumas regiões da Europa já estão mais frias que o Ártico. Lá no Polo Norte, a temperatura pode subir até 7°C acima da média para esta semana. Na muito fria Groenlândia (que fica a apenas 650 km do ponto central do Polo Norte), o termômetro marcou mais de 0°C cinco vezes nos últimos 8 dias – fato raro por lá.
Especialistas dizem que o fenômeno é semelhante ao de abrir uma geladeira: com a divisão do vórtice polar, o ar se espalhou pelo continente tornando-o mais frio, em contrapartida a “origem” do ar gelado tende a ser sua temperatura subir. De acordo com o pesquisador de clima Zack Labe, é o fevereiro mais quente da região desde quando começou a medição, em 1958.
February? This is crazy. Retreat of sea ice in the Bering Sea continues – well below the previous record low in the satellite era. pic.twitter.com/9UoqZvaFr2
— Zack Labe (@ZLabe) February 21, 2018
Gelo do norte está derretendo
Uma das consequências mais graves do aumento de temperatura no Polo Norte é o derretimento das calotas de gelo. O gelo do mar Ártico está em seu nível mais baixo já observado – o satélite começou a coletar informações em 1979.
O mar de Bering é um exemplo. O gelo começou a baixar a níveis críticos durante grande parte do outono e inverno do hemisfério norte e chegou ao ponto de desaparecer durante o mês de fevereiro – momento que normalmente estaria com espessura máxima.
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