A Disney tem a magia de criar para o cinema incríveis contos de fadas com lindas princesas e finais felizes.
Mas muitas das histórias em que nossos filmes de infânciaforam baseados, na verdade, vêm de obras sombrias e até mesmo cruéis, que poderiam traumatizar qualquer criança se tivessem sido apresentadas como os autores originais pretendiam.
Os contos dos Irmãos Grimm são a inspiração mais popular para as princesas e personagens clássicos da Disney, mas existem outros romances e até mesmo histórias verdadeiras que também serviram de base.
“A Bela e a Fera”
A animação ” A Bela e a Fera” foi um grande sucesso no início dos anos 1990 e cativou público de todas as idades ao mostrar a romântica história que ensina, de certa forma, que o verdadeiro amor vai além das aparências.
Já adultos, fomos capazes de notar uma primeira estranheza: o fato de que, no conto de fadas, uma jovem acaba se apaixonando por seu sequestrador. Além disso, a verdadeira história que teria inspirado “A Bela e a Fera” conta momentos mais tristes do que aqueles que vimos na tela.
A verdadeira história de “A Bela e a Fera”
Ao longo dos séculos, houve uma grande variedade de versões de “A Bela e a Fera “. O filme da Disney é baseado em uma versão escrita por Jeanne-Marie Leprince, que se inspirou no conto de Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve.
Acredita-se que este conto de fadas seja, na verdade, baseado em uma história verídica do século XVI. De acordo com o site especializado em história History Collection, é provável que Gabrielle Suzanne Barbot de Villeneuve tenha se inspirado nas vidas de Petrus e Catherine Gonsalvus.
Porém, como cinco séculos separam essa história dos dias atuais, não é possível mais distinguir o que é real do que foi adicionado pela passagem da narrativa de uma pessoa para outra através dos tempos.
A Fera: Pedro Gonzáles
Pedro González nasceu em Tenerife, na Espanha, em 1537, com o que hoje conhecemos como hipertricose, doença rara que provoca pelos excessivos e compridos em todo o corpo, incluindo rosto, mãos e pés. Naquela época não se sabia que se tratava de uma doença, então as pessoas que sofriam com a condição eram vistas como fenômenos.
Aos 10 anos, Pedro se tornou um presente para o novo rei da França, Henrique II, que, reza a lenda, colecionava homens e mulheres considerados “estranhos”. Ter uma criança parecida com um animal peludo era uma tentação para sua coleção e logo Pedro se tornou uma de suas criaturas favoritas.
Depois de viver algum tempo nas masmorras e de ser tratado como se fosse um animal, os médicos do rei o avisaram de que Pedro não era realmente um ser selvagem. Diante disso, o rei decidiu realizar um experimento para ver se uma “criança selvagem” poderia ser domesticada.
O experimento incluiu uma mudança de nome para Petrus Gonsalvus, educação, roupas e tratamento como se ele fosse um homem nobre. Com o passar dos anos, Petrus tornou-se mais um cavalheiro na corte. No entanto, seu físico afastava suas chances de ter uma esposa.
Após a morte do rei, sua esposa, a rainha Catarina, assumiu o controle e suas primeiras ações no poder envolveram Petrus.
A rainha, sabendo que ter um homem diferente na corte era considerado valioso, teria então pensado que poderia multiplicar esse valor, fazendo, portanto, com que Petrus se casasse e que tivesse filhos.
Depois de entrevistar muitas mulheres, a rainha teria decidido pela filha de uma das criadas, que curiosamente também se chamava Catarina. A jovem não sabia realmente com quem se casaria e, como era um arranjo da monarca, ela não podia recusar.
Não se sabe realmente qual foi a reação de Catherine na primeira vez que viu seu futuro marido. Porém, algum tempo depois, como a rainha esperava, os noivos começaram a ter filhos.
Para surpresa da rainha, os dois primeiros filhos de Catarina e Petrus nasceram sem o excesso de pelos que ela tanto desejava. No entanto, o terceiro finalmente nasceu com a mesma condição de seu pai. Catarina e Petrus tiveram sete filhos no total, quatro deles cobertos de pelos.
Petrus e sua família eram tratados como propriedade da rainha, então, assim que os filhos cresceram um pouco, eles foram presenteados a outras cortes na Europa.