O sertão mineiro foi a matéria-prima da produção literária de Guimarães Rosa. Sobretudo no caso de sua mais importante obra, o romance Grande Sertão: Veredas. No livro, o autor conta histórias e apresenta palavras típicas da região e detalha algumas das mais belas paisagens de Minas Gerais. Parte delas, no norte do estado, seguem intactas.
Em 1989, foi fundado o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, no noroeste mineiro, onde o estado faz divisa com a Bahia e fica muito próximo de Goiás. Nos mais de 2.300 quilômetros quadrados de área, estão preservadas as mais variadas espécies de plantas e animais do Cerrado, além de rios e até diversas veredas, que dão nome ao livro.
Grande Sertão: Veredas, o livro e o parque têm muito em comum
A obra Grande Sertão: Veredas narra a história de vida de Riobaldo, um sertanejo nascido pobre que entra para um dos mais poderosos bandos de jagunços de Minas Gerais. Em suas mais de 600 páginas, o autor trata de revelar um pouco da beleza de cada parte do sertão: parte da história acontece na margem baixa do Rio São Francisco, parte dela no alto do rio.
Publicado em 1956, o livro traz relatos de uma paisagem que não existe mais – a maior parte desta terra virou plantação de soja, milho e eucalipto. O que foi preservado pode-se encontrar dentro do parque.
Bacia do Rio Carinhanha
Os rios são personagens determinantes do romance. O mais famoso deles é o Rio São Francisco, que corta praticamente de sul a norte o estado de Minas Gerais. Contudo, um dos mais belos e mais preservados é o Rio Carinhanha, cujo comprimento é de 450 km.
Dentro do Parque Nacional, o turista pode realizar trilha de carro, moto ou bicicleta (a pé também é possível, embora a distância seja longa) até as margens do rio, onde é permitido se banhar. Mais adiante, há também acesso para visitar o encontro com o Rio Preto. A região divide Minas e Bahia.
Mirante da Seriema
No livro, Guimarães Rosa cita a Chapada-da-Seriema-Correndo como um dos pontos de passagem de Riobaldo. A seriema é uma ave bastante adaptada a diversos biomas sul-americanos. No Cerrado, contudo, ela pode ser vista em abundância.
Em uma grande planície do Parque Nacional, está posicionado o Mirante de Seriema, cuja vista possibilita ver vegetação, animais e distantes chapadões que compõem a paisagem. Os guias geralmente levam o turista para assistir ao pôr do sol no local.
Muitas, muitas veredas
A vereda é o oásis do sertão. Muitos sertanejos se referem assim a esta formação natural. O Cerrado é, majoritariamente, dominado por vegetação seca e muita aridez. Em meio a esta paisagem, surgem as veredas: locais onde o solo é bastante irrigado, nasce bastante vegetação e é característica pela presença da árvore buriti.
É um elemento tão importante para a região que até batizou a obra. E o turista que quiser ver in loco o que é uma vereda, não terá dificuldade: há várias delas ao longo do Parque Nacional.
Liso do Sussuarão e Vão dos Buracos
Estes dois lugares não ficam dentro dos limites do parque, mas estão apenas a 40 km de distância de sua entrada. Vale a pena a distância. A trilha do Vão dos Buracos é considerada a mais bonita de toda a região e deve ser feita em caminhada – leva entre 5 e 7 horas.
O Liso do Sussuarão é palco de momentos mais dramáticos de Grande Sertão: Veredas – para o bem e para o mal. É descrito como lugar inóspido, extremamente seco e hostil. Não se sabe até hoje se o tal Liso do Sussuarão existe: é um mix de referências e paisagens. Contudo, alguns críticos literários e geógrafos afirmam que a Serra da Sussuarana, ao norte do Parque Nacional, na Bahia, é o referente real ao personagem literário.
Como chegar ao Parque Nacional
Grande Sertão Veredas, o parque, tem como sede a cidade de Chapada Gaúcha. De acordo com o Instituto Ambiental Chico Mendes (ICMBio), que faz a gestão do local, não há cobrança de ingresso para acessar as instalações do parque, porém é fundamental que o turista contrate um guia para levá-lo às atrações. A visita deve ser encerrada às 17 horas.
Quem é Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa foi um dos mais importantes romancistas brasileiros. Nascido na cidade de Cordisburgo, em Minas Gerais, o escritor foi também médico e diplomata – era o cônsul brasileiro na Alemanha durante o período da Segunda Guerra Mundial. Recentemente, completou-se 50 anos de sua morte, exatamente três dias após receber o título de “imortal” da Academia Brasileira de Letras.
Sua contribuição para a literatura brasileira conta ainda com outras obras. É o caso de Corpo de Baile, Primeiras Estórias, Campo Geral e Sagarana.
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