No norte da América Central, nos limites da fronteira da Guatemala com o México, foi encontrada uma gigantesca cidade da civilização maia. A descoberta é uma das mais importantes sobre as culturas pré-europeias que viveram por aqui.
Foram identificadas pelo menos 60 mil casas, palácios, rodovias e até uma pirâmide de 7 níveis. Os pesquisadores acreditam que a população maia total é 3 vezes maior do que a previsão anterior e pode ter chegado até 15 milhões de pessoas.
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Como era a enorme cidade maia?
A organização urbana recém descoberta apresenta uma vasta e conectada rede de povoados em uma área de pouco mais de 2,1 mil quilômetros quadrados dentro da Reserva da Biosfera Maya, na Guatemala. Os indícios levam a crer que o auge desta civilização aconteceu 1,2 mil anos atrás e que seu grau de desenvolvimento e cultura era compatível com a da Grécia Antiga, berço da filosofia, matemática e democracia ocidentais.
Os detalhes da descoberta foram publicadas na revista National Geographic em 2018. À publicação, os pesquisadores envolvidos no trabalho afirmaram que a complexa rede de conexões de rodovias, dutos, calçadas e prédios foi construída sem o uso de rodas ou animais de carga. “Essa era uma civilização que literalmente moveu montanhas”, disse o arqueólogo Marcello Canuto, da Universidade de Tulane.
A estrutura identificada pelos pesquisadores indica que havia um intenso movimento comercial entre os pólos populacionais; e que essas rodovias foram precisamente projetadas de forma elevada, para evitar problemas nas épocas de chuva forte (característica desta região de floresta tropical). Além disso, o fluxo de água foi meticulosamente planejado e controlado por meio de canais, diques e reservatórios.
As construções mais importantes
A mais surpreendente construção encontrada é uma grande pirâmide de 7 níveis, que estava tão coberta pela vegetação que era imperceptível na selva. Assim como ela, foram descobertas fortalezas e muralhas de grande porte – significa que houve, durante muitos anos, guerras entre diferentes povos.
Mais de 60 mil casas destinadas à moradia puderam ser identificadas. Isso elevou a estimativa dos historiadores e arqueólogos em relação à população maia: calculava-se 5 milhões, mas agora não é mais exagero supor que foram mais de 15 milhões de indivíduos, dizem os pesquisadores.
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Como a cidade foi descoberta?
Não foram aventureiros ao melhor estilo Indiana Jones que encontraram a cidade perdida. O grupo de pesquisadores conseguiu encontrá-la usando a moderna tecnologia LiDAR (sigla em inglês para Light Detection And Ranging; detecção e variação de luz, em tradução livre).
Com a ferramenta, a equipe remove digitalmente a sujeira e os ruídos das imagens aéreas da área preservada. Assim, encontraram os primeiros sinais da civilização pré-colombiana. “As imagens LiDAR deixam claro que toda essa região era um sistema de assentamento cuja escala e densidade populacional haviam sido subestimadas”, disse Thomas Garrison, um dos arqueólogos envolvidos no trabalho à National Georgaphic.
A divulgação desta cidade é a conclusão da primeira fase do projeto Pacunam, cujo objetivo é mapear 14 mil quilômetros quadrados na América Central.
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