Atletas que disputaram a prova de 10m de saltos ornamentais sincronizados nesta terça-feira (9) foram surpreendidos pela coloração verde de uma das piscinas do Parque Aquático Maria Lenk, em disputa das Olimpíadas Rio 2016.
O jornal norte-americano Washington Post repercutiu imagens das duas piscinas, fazendo alusão à Baía de Guanabara: “A qualidade da água tem sido uma grande questão em torno dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas no oceano e nas lagoas, não nas piscinas”.
O Comitê Olímpico se pronunciou:
O diretor de comunicação do Comitê Rio 2016, Mario Andrada, disse que a piscina ficou verde daquele jeito por conta da proliferação de algas. “Isso aconteceu por causa do calor e da falta de vento. Fizemos todos os testes químicos”, explicou Andrada.
O que atletas disseram?
Saltadoras como a brasileira Ingrid Oliveira e a britânica Louis Toulson disseram ter visto a piscina com coloração ‘normal’ antes de adquirir aspecto esverdeado. “Treinei até 15h e a água estava normal”, contou Ingrid. “Fui para o vestiário e quando voltei havia mudado para esse tom de verde escuro”.
O saltador britânico Tom Daley também achou a coloração muito estranha. Ele postou no Twitter:
Ermmm…what happened?! pic.twitter.com/pdta7EpP2k
— Tom Daley (@TomDaley1994) August 9, 2016
“Ermmm… O que aconteceu?”
O que diz o especialista
O engenheiro químico Nilson Maierá, autor do livro “Piscinas Litro a Litro” e com mais de 30 anos de pesquisa sobre o assunto, concorda com a explicação dada por Andrada: “É quase certo que se trata de algas”, disse ao Vix.
Para ele, o problema não tem a ver com clima. “Na minha opinião, foi falta de cloro”, disse. “Eles têm um sensor que injeta cloro automaticamente. Então, ele aciona uma bomba que joga cloro, e quando percebe que há muito acúmulo dele, a bomba para”.
As algas, segundo o especialista, não são nocivas ao ser humano – desde que não abriguem microrganismos ou bactérias.
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Naquele momento, o alerta era outro: a performance dos atletas. “Às vezes você não enxerga o que está no fundo da piscina, e pode ser uma situação perigosa”, diz.
Como fazer para a piscina ficar azul
Para limpar a piscina e deixar a água com coloração azul novamente (conforme Andrada prometeu), o processo é complicado. Pelo menos de 4 a 5 horas são necessárias para melhorar o nível de cloro, explica Maierá.
O especialista conta que a equipe técnica do parque aquático deve contar com um decantador, que vai sugar a água com mais rapidez, para, em seguida, bombear novamente uma água com a quantidade necessária de cloro. Só assim ela deve ficar azulada novamente.
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“Foi bobeada de alguém”, critica Maierá. “Não é porque você tem um sistema automático que precisa confiar nele; pode falhar. E aí, a piscina se transforma num caldo de garapa”.
O tempo em que Ingrid foi ao vestiário e retornou à piscina provavelmente foi o momento em que a piscina ficou daquele jeito. “É explosivo”, exclama Maierá. “É um negócio que acontece muito rápido”.
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