Por que situação chegou a esse ponto no Espírito Santo? Entenda crise na segurança

O caos na Segurança Pública do Espírito Santo se instaurou no dia 4 de fevereiro, um dia depois do início de um movimento de familiares dos PMs (principalmente das esposas), que bloqueiam a saída de viaturas e dos policiais dos batalhões. 

Os familiares se reuniram em frente à 6ª Companhia, no município de Serra, na Grande Vitória e, desde então, se espalham por todo o estado para revindicar pautas de aumento salarial e melhores condições de trabalho aos policiais militares. 

Desde então, última notícia de uma ação da Polícia Militar do Espírito Santo (ES) publicada no site oficial da corporação é do próprio dia 4 de fevereiro: “PM prende menores após furtarem veículo no pátio da prefeitura de Vila Valério”. Deste dia em diante, a PM não tem saído às ruas e, em meio a uma onda de violência, moradores vivem momentos de tensão e insegurança. 

A paralisação já dura uma semana e as consequências são estarrecedoras: saques a lojas, homicídios, roubos, violência urbana amedrontando a população. Nos últimos dias, 113 pessoas foram assassinadas nas ruas do estado. O número é contabilizado pelo Sindicado dos Policiais Civis do estado (Sindipol/ES), segundo matéria do G1.

O Brasil assiste a imagens de pessoas aproveitando o momento de crise na segurança pública para praticar atos criminosos. Diante da repercussão, as delegacias capixabas passaram, inclusive, a receber de volta os objetos de furtos recentes.

O quadro tende a piorar, já que a Polícia Civil ameaça entrar em greve. O Governo do Estado tem 14 dias para atender as reivindicações da categoria (entre recomposição salarial e incorporação de escala especial); caso contrário, eles também irão paralisar os serviços.

Violência no Espírito Santo

O Governo do Estado ainda não divulgou um balanço oficial de crimes e ocorrências policiais que aconteceram nesta última semana. 

Os números (assustadores) estão sendo informados pela Polícia Civil capixaba. Segundo a corporação, somente na segunda-feira (6), 200 veículos foram furtados ou roubados na Grande Vitória. Até terça-feira, 75 corpos foram levados ao Departamento Médico Legal de Vitória, que, segundo o Sindipol/ES, já está com a capacidade total preenchida.

Do outro lado, os moradores do Espírito Santo aguardam, apreensivos, a retomada de atividades, como aulas nas escolas e comércio, para voltarem à rotina.

O que eles pedem

De acordo com a Agência Brasil, a reunião entre as mulheres dos PMs com secretários do Governo do Espírito Santo nesta sexta-feira (10) não chegou a um acordo. Ou seja, as manifestações não têm data para acabar.

As líderes do movimento pedem anistia aos PMs, que, pela Constituição são proibidos de fazer greve, e reajuste salarial (20% de reajuste imediato e mais 23% de reajuste escalonado).

O Governo propôs que eventuais crimes e infrações administrativas praticados pelos policiais “serão apurados com isenção e sem qualquer tipo de perseguição” e afirmou que não é possível conceder o aumento por questões fiscais e legais. 

A Polícia Militar já indiciou 703 policiais militares pelo crime de revolta e, se condenados, cumprirão pena de 8 a 20 anos em um presídio militar e expulsão da corporação, ainda de acordo com a Agência Brasil. Já os familiares estão sendo identificados para responderem civilmente.

O governador do Estado, Paulo Hartung, criticou duramente em entrevista coletiva à imprensa a ação dos PMs. “Isso é chantagem, chantagem aberta. É a mesma coisa que sequestrar a liberdade do cidadão capixaba e cobrar resgate”. 

Reforço na segurança

Para reforçar a segurança nas ruas, mais de 3 mil homens das Forças Armadas  devem ser enviados até o final de semana. A Força Nacional envia 300 homens de acordo com o Ministério da Justiça.

Violência e crimes no Brasil