10 fatos que você não deve saber e contam a importância da Lacraia, ícone dos anos 2000

Quase 20 anos após a morte da dançarina Lacraia, uma sequência de tuítes viralizou na internet sobre ela. Nos anos 2000, a artista protagonizou, ao lado de MC Serginho, funks de sucesso, como “Éguinha Pocotó” e “Vai Lacraia”.

De autoria da pesquisadora e ativista Caia Coelho, membro da diretoria da Nova Associação de Travestis e Transexuais de Pernambuco (Natrape), curiosidades sobre este ícone dos anos 2000 foram trazidos à tona e revelaram detalhes de sua vida.

Lacraia: quem foi esse personagem dos anos 2000

Nome antes de Lacraia

Segundo Caia, nos anos 1990, Lacraia estudou Teatro Expressionista da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Por lá, ela ainda não era conhecida pelo nome que lhe conferiu projeção nacional, mas sim por Margarete Robocop e Volpi Jones.

Trabalho antes de ser dançarina

Aliás, falando do passado de Lacraia antes de ser um fenômeno nacional, a dançarina teve outras profissões. Ela atuou como camelô, cabeleireira e como camareira em uma sauna.

Música na TV e nas Olimpíadas

Depois que Lacraia e MC Serginho se conheceram e firmaram parceria, em 2002, suas músicas estouraram.

Para ter ideia do fenômeno, as músicas de Lacraia e Serginho serviram de trilha nos jogos de vôlei de praia nas Olimpíadas de Atenas em 2004, da companhia de dança Debora Colker, da Grande Família, do Programa do Didi.

Garantia de audiência para a TV

Convidados para participar de programas na televisão, Lacraia e MC Serginho eram sucesso nas telinhas e garantia de boa audiência. Segundo Caia, quando Lacraia aparecia no Domingo Legal (SBT), desbancava Domingão do Faustão (Rede Globo).

Música entre as mais tocadas do país

De acordo com Caia, sucesso de “Éguinha Pocotó” foi tanto que a música emplacou como a 16ª mais tocada em 2003 no país. “Naquele ano, o sucesso de Serginho e Lacraia estava à frente de girl/boybands”, comentou a ativista.

Reconhecimento de artistas

As músicas de MC Serginho com Lacraia dançando ganharam o apreço de grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Rita Lee, Preta Gil, entre outros.

Preconceito

Apesar de todo o sucesso e reconhecimento, Lacraia, infelizmente, precisou lidar com o preconceito — principalmente transfobia e homofobia. Não era raro, na época, homossexuais serem chamados pejorativamente de “lacraia” e pessoas ou mesmo artistas torcerem o nariz para ela, segundo Caia.

E embora ela fosse uma atração da televisão, muitas vezes a forma como era tratada pela mídia não era das melhores. Caia cita, por exemplo, o episódio no Programa da Eliana em que Lacraia encenou um casamento fake.

“O noivo se recusou a repetir as palavras do ‘padre’ (‘legitima esposa’) e não beijou a noiva ao final da cerimônia. Supostamente essa era ‘a graça’ do quadro”, conta Caia.

Lutou pelo fim do preconceito e outras causas

Em vida, Lacraia se mostrou disposta a vencer a barreira do preconceito. Por exemplo: nos shows, muitas pessoas pediam para beijá-la na boca. Lacraia não se opunha ao gesto e costumava falar: “O que não pode na novela, pode no nosso palco: o beijo na boca”.

Vale lembrar, que no começo dos anos 2000, casais LGBT não tinham visibilidade em telenovela e sequer eram protagonistas de relacionamentos afetivos.

Enquanto esteve no Teatro Expressionista da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, Lacraia também colaborou com políticas de prevenção ao HIV.

Carreira de DJ

https://twitter.com/gableekx/status/1268337516446449666

A partir de 2009, a parceria de Lacraia e MC Serginho chegou ao fim. Com isso, a dançarina se lançou como DJ e emplacou as músicas “Solta a Maricona”, assim como a “Estilo Pantera Cor de Rosa”.

Porém, a carreira como DJ não durou muito tempo. Em 2011, Lacraia morreu por conta de uma tuberculose aos 33 anos. “Não podemos esquecer sua história. Ela abriu portas para muitas travestis do funk hoje!”

Curiosidade dos anos 2000