“Amigas não te incluem mais”: Maytê Piragibe fala de desamparos e alegrias de ser mãe solo

A atriz e apresentadora Maytê Piragibe foi uma das grandes estrelas da TV brasileira nos anos 2000. Na Globo, ela atuou em novelas como “Malhação”, (2001), “O Beijo do Vampiro”, (2002) e “Como Uma Onda”, (2004), além de ter sido apresentadora da extinta “TV Globinho”, em 2003.

No ano de 2006, ela trocou de emissora e foi para a Record TV, onde atuou em “Os Mutantes” (2008), “Promessas do Amor” (2009) e “A Terra Prometida” (2016). Atualmente, Maytê está focada na carreira de apresentadora de TV e comanda o programa “Dê um Like”, no canal Like, ao lado de Hugo Bonemer.

Já no âmbito pessoal, Maytê Piragibe é mãe solo de Violeta, de 10 anos, e, em entrevista ao VIX, ela contou como concilia a carreira com a maternidade, quais são os desafios de criar a filha sozinha e como essa experiência transformou sua vida.

Sonho de Maytê Piragibe era ser mãe antes dos 30

A vontade de ser mãe praticamente nasceu junto com Maytê Piragibe. Desde a adolescência ela sonhava com a maternidade e queria ter o primeiro filho antes dos 30 anos de idade.

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“Eu falava, eu lembro, quando eu era adolescente, que eu queria ter meu primeiro filho antes do 30 para ser uma mãe jovem, para acompanhar o crescimento do meu filho”, contou.

Mesmo sem planejar, o sonho da atriz se realizou. Quando Violeta chegou, nasceu, então, a mãe que morava dentro de Maytê:

quote:”A Violeta não foi planejada, eu estava apaixonada na época, namorava, já falava em casamento […] e aí a Violeta veio antes da hora, como uma benção. Foi o melhor presente que Deus me deu!”

Na época, Maytê estava noiva do pai de Violeta, o também ator Marlos Cruz, e juntos eles escolheram o nome da filha que, segundo a atriz, não poderia ser comum, já que os nomes dela e do parceiro eram diferentes. “Vindo da gente teria que ser um nome único”.

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A apresentadora contou que só conseguia pensar em nome de menino, mas em um determinado momento surgiu Violeta e ela e Marlos concordaram na hora, principalmente Maytê, que sempre admirou tudo o que envolve o significado do nome.

“Além de ser uma cor, uma flor, que remete essa paz, esse autoconhecimento, à espiritualidade e serenidade, era o raio de Saint Germain, que é um dos mestres que eu adoro, eu leio bastante sobre a chama violeta, que é a chama que transforma tudo de negativo em positivo e ela realmente tem essa energia”, explicou.

Após separação, Maytê se tonou mãe solo

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Maytê e Marlos ficaram casados durante quatro anos e, nesse tempo, o ator foi um pai atencioso e ajudava a esposa em todos os âmbitos, mas após a separação, as coisas mudaram.

Os atores decidiram terminar a relação quando Violeta estava com 3 anos e foi então que Maytê percebeu que tinha se tornado mãe solo.

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Embora Marlos tenha mantido uma conexão afetuosa com Violeta, todas as outras responsabilidades em relação à pequena, incluindo a financeira, ficaram por conta de Maytê.

“Ele é muito ligado com a Violeta. Ele tem uma ligação amorosa com ela, liga, procura. Hoje ele mora fora do país, então ficou uns três anos sem vê-la, mas nessas férias ele conseguiu vir. Foi muito importante para ela. Então existe o amor, que é incondicional, mas a paternidade não é feita só de amor. E é isso que a maioria das mulheres passa quando se separam”.

Por isso, Maytê considera-se mãe solo. Todas as responsabilidades que dizem respeito à Violeta, foram e ainda são assumidas pela atriz.

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Para a apresentadora, a denominação mãe solo não se encaixa apenas a mulheres com filhos cujos pais não assumiram a paternidade no papel e não se fazem presentes na vida do filho. Esse termo também pode ser aplicado a mulheres divorciadas, que namoram ou até mesmo às que são casadas:

quote:”A partir do momento que você obriga uma mulher a ser responsável completamente sozinha, acordar de madrugada, amamentar, limpar, higienizar, educar, tudo isso sozinha, que tipo de paternidade é essa? Isso é uma coisa que tem que ser levantada, porque é tão normatizada, está tão perto da gente. Sendo casada ou não, tendo, às vezes, uma pensão, o que é só o dinheiro se não tem atenção? Parece que mesmo as mulheres casadas são solo nessa jornada”.

Desafios, preconceitos e exclusão

Sem dúvida, é desafiador criar uma criança sozinha, mas Maytê não enxerga a jornada de mãe solo como algo doloroso ou como um peso, pelo contrário, ela se sente completa ao lado de Violeta.

“Não é uma dor, não é um peso. Eu me sinto superpreenchida. Eu tenho gato, tenho cachorro, eu tenho a minha família. Minha filha e eu somos uma família”.

Mas nem tudo são flores. No caso de Maytê e de muitas outras mulheres que criam os filhos sozinhas, há um lado sombrio, que é o preconceito e a falta de inclusão dessas mães, que parecem não se “encaixar” mais nos antigos círculos de convivência social.

quote:”É um desamparo absoluto. As amigas jovens, que não têm filho, não te incluem mais no âmbito social, há uma exclusão social de que aquela mulher não é mais mulher, ela é uma mãe e se é mãe solo é mais delicado ainda”, explica Maytê.

Isso faz com que a rede de apoio de uma mãe solo seja muito limitada. De acordo com Maytê, ela só pode contar com três pessoas: sua mãe, seu pai e Babu, um funcionário que se tornou o braço direito da atriz.

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“Tenho meu funcionário que é o meu braço direito, o Babu, que é um homem, gay, parceiro, que me ajuda com tudo aqui em casa. Amigos leais são poucos”. afirmou Maytê, que disse ainda que a nossa sociedade não está preparada para oferecer apoio às mães solo. “A gente vai criando nossa rede de amparo, que é mais solitária, faz parte dessa jornada […] Mas a nossa sociedade não está pronta para esse amparo”.

Conciliação entre carreira e maternidade

Desde que se tornou mãe, Maytê nunca deixou de trabalhar, e foi esse tripé de apoio, formado pelo pai, pela mãe e por Babu, que permitiu que ela continuasse exercendo a profissão e criando Violeta.

A atriz sempre tentou conciliar o tempo destinado ao trabalho e à Violeta e conta que, mesmo estando diariamente com a pequena, aproveita qualquer brecha para ficar grudadinha com a filha: “Nos finais de semana, feriado ou day-off, eu quero ficar com a minha filha”.

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Atualmente, Violeta está com 10 anos e a rotina de mãe e filha mudou bastante durante a pandemia, pois assim como em muitas famílias, Maytê passou a auxiliar a menina durante as aulas on-line e a ajudá-la com todas as tarefas da escola.

Segundo a apresentadora, se adaptar à nova rotina não foi difícil, mas se tornou um pouco mais cansativo, já que as mães também se tornaram assistentes dos professores. Maytê também aproveitou o momento para trabalhar a autonomia da filha.

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“A gente virou inspetora, assistente de professora, mas eu também estimulo ela a ter autonomia, porque eu fui uma criança que não tive papai e mamãe pra fazer dever de casa comigo ou pra estudar. Eu era uma criança independente, eu acho importante para formação você passar os perrengues e aprender a estudar sozinho. Que faz parte também do desenvolvimento, dessa liberdade, dessa responsabilidade pessoal”.

Jornada solo proporcionou independência

Em outubro do ano passado, Maytê usou o Instagram para contar que ter se tornado mãe solo há 7 anos foi a chave para sua autonomia e liberdade.

“Ser mãe solo desde que esse pingo tinha 3 e hoje no desabrochar dos 10, digo e repito que sem o amor dela, não teria conquistado a coroa da minha independência. Graças a ela. A força incansável de sermos a melhor versão. Essa minha criança interna que reconhecia esse farol diário, chamada filha com cor e cheiro Violeta”, escreveu a atriz ao compartilha uma foto ao lado da filha.

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Segundo a apresentadora, a jornada da maternidade solo proporcionou uma nova visão de si mesma e a quebra de alguns padrões que se repetiam com mulheres de sua família.

“Hoje entendi o porque dessa solitude. Do nosso tratado só de mãe e filha. É pura Cura e Libertação das minhas avós que estiveram presas e violentadas nesse padrão cruel de relacionamentos abusivos. Mas desatei esse nó que também esteve em mim”.

Essa experiência também proporcionou a Maytê confiança, autoestima e independência e a transformou em uma mulher mais segura, com a autonomia para tomar decisões e administrar sentimentos. “Isso é muito poderoso, foi um resgate do meu poder pessoal”.

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Relacionamentos: “Muito bem ancorada, numa vida muito satisfatória”

Maytê está solteira há 7 anos e, segundo a artista, existe um preconceito em torno da figura de uma mulher independente, sem um parceiro fixo, compromissada. Em vez de ser vista como autossuficiente, ela é julgada por muitos como fracassada por não conseguir encontrar um homem.

quote:”É como se o erro estivesse em nós, mulheres.[…] Existe um lugar que é como se a gente fosse a rejeitada, encalhada: ‘ai o problema é dessa mulher, deve ser difícil achar um homem’ […] Então, tem que tirar esse preconceito, desse lugar de abandono. A mulher não está abandonada. Uma mulher livre, uma mulher independente, ela está muito bem ancorada, numa vida muito satisfatória”.

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Embora essa seja a visão de muitos, Maytê também acredita que muitos homens se assustam quando a mulher se mostra independente e, além disso, “Achar um companheiro que tope esse combo [mulher independente e com filho] é delicado”, afirmou.

Mas nem por isso a apresentadora desistiu de encontrar um parceiro, só que ele tem que ser maduro, sensível, responsável, que consiga oferecer apoio e, é claro, que goste e se dê bem com Violeta.

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“Eu espero que seja um homem espiritualizado, com um olhar feminino também apurado, com uma sensibilidade emocional, afetiva e, principalmente, que ele tenha a hombridade. E a hombridade no homem é ele ter caráter, ter valores, ter posicionamento, ter coragem, de ser homem o suficiente pra dar um amparo a uma mulher. Que seja um cara conectado com Deus e principalmente que valorize, que priorize a família. E, se for pai, melhor ainda”.

Entretanto, se esse parceiro não existir ou aparecer em sua vida, não tem problema, pois para Maytê “é possível ser feliz sendo solteira e mãe solo. Isso não precisa ser um peso nem uma dor. Isso é uma bênção!”.

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