“Amigas não te incluem mais”: Maytê Piragibe fala de desamparos e alegrias de ser mãe solo

por | maio 7, 2021 | Comportamento

A atriz e apresentadora Maytê Piragibe foi uma das grandes estrelas da TV brasileira nos anos 2000. Na Globo, ela atuou em novelas como “Malhação”, (2001), “O Beijo do Vampiro”, (2002) e “Como Uma Onda”, (2004), além de ter sido apresentadora da extinta “TV Globinho”, em 2003.

No ano de 2006, ela trocou de emissora e foi para a Record TV, onde atuou em “Os Mutantes” (2008), “Promessas do Amor” (2009) e “A Terra Prometida” (2016). Atualmente, Maytê está focada na carreira de apresentadora de TV e comanda o programa “Dê um Like”, no canal Like, ao lado de Hugo Bonemer.

Já no âmbito pessoal, Maytê Piragibe é mãe solo de Violeta, de 10 anos, e, em entrevista ao VIX, ela contou como concilia a carreira com a maternidade, quais são os desafios de criar a filha sozinha e como essa experiência transformou sua vida.

Sonho de Maytê Piragibe era ser mãe antes dos 30

A vontade de ser mãe praticamente nasceu junto com Maytê Piragibe. Desde a adolescência ela sonhava com a maternidade e queria ter o primeiro filho antes dos 30 anos de idade.

“Eu falava, eu lembro, quando eu era adolescente, que eu queria ter meu primeiro filho antes do 30 para ser uma mãe jovem, para acompanhar o crescimento do meu filho”, contou.

Mesmo sem planejar, o sonho da atriz se realizou. Quando Violeta chegou, nasceu, então, a mãe que morava dentro de Maytê:

quote:”A Violeta não foi planejada, eu estava apaixonada na época, namorava, já falava em casamento […] e aí a Violeta veio antes da hora, como uma benção. Foi o melhor presente que Deus me deu!”

Na época, Maytê estava noiva do pai de Violeta, o também ator Marlos Cruz, e juntos eles escolheram o nome da filha que, segundo a atriz, não poderia ser comum, já que os nomes dela e do parceiro eram diferentes. “Vindo da gente teria que ser um nome único”.

A apresentadora contou que só conseguia pensar em nome de menino, mas em um determinado momento surgiu Violeta e ela e Marlos concordaram na hora, principalmente Maytê, que sempre admirou tudo o que envolve o significado do nome.

“Além de ser uma cor, uma flor, que remete essa paz, esse autoconhecimento, à espiritualidade e serenidade, era o raio de Saint Germain, que é um dos mestres que eu adoro, eu leio bastante sobre a chama violeta, que é a chama que transforma tudo de negativo em positivo e ela realmente tem essa energia”, explicou.

Após separação, Maytê se tonou mãe solo

Maytê e Marlos ficaram casados durante quatro anos e, nesse tempo, o ator foi um pai atencioso e ajudava a esposa em todos os âmbitos, mas após a separação, as coisas mudaram.

Os atores decidiram terminar a relação quando Violeta estava com 3 anos e foi então que Maytê percebeu que tinha se tornado mãe solo.

Embora Marlos tenha mantido uma conexão afetuosa com Violeta, todas as outras responsabilidades em relação à pequena, incluindo a financeira, ficaram por conta de Maytê.

“Ele é muito ligado com a Violeta. Ele tem uma ligação amorosa com ela, liga, procura. Hoje ele mora fora do país, então ficou uns três anos sem vê-la, mas nessas férias ele conseguiu vir. Foi muito importante para ela. Então existe o amor, que é incondicional, mas a paternidade não é feita só de amor. E é isso que a maioria das mulheres passa quando se separam”.

Por isso, Maytê considera-se mãe solo. Todas as responsabilidades que dizem respeito à Violeta, foram e ainda são assumidas pela atriz.

Para a apresentadora, a denominação mãe solo não se encaixa apenas a mulheres com filhos cujos pais não assumiram a paternidade no papel e não se fazem presentes na vida do filho. Esse termo também pode ser aplicado a mulheres divorciadas, que namoram ou até mesmo às que são casadas:

quote:”A partir do momento que você obriga uma mulher a ser responsável completamente sozinha, acordar de madrugada, amamentar, limpar, higienizar, educar, tudo isso sozinha, que tipo de paternidade é essa? Isso é uma coisa que tem que ser levantada, porque é tão normatizada, está tão perto da gente. Sendo casada ou não, tendo, às vezes, uma pensão, o que é só o dinheiro se não tem atenção? Parece que mesmo as mulheres casadas são solo nessa jornada”.

Desafios, preconceitos e exclusão

Sem dúvida, é desafiador criar uma criança sozinha, mas Maytê não enxerga a jornada de mãe solo como algo doloroso ou como um peso, pelo contrário, ela se sente completa ao lado de Violeta.

“Não é uma dor, não é um peso. Eu me sinto superpreenchida. Eu tenho gato, tenho cachorro, eu tenho a minha família. Minha filha e eu somos uma família”.

Mas nem tudo são flores. No caso de Maytê e de muitas outras mulheres que criam os filhos sozinhas, há um lado sombrio, que é o preconceito e a falta de inclusão dessas mães, que parecem não se “encaixar” mais nos antigos círculos de convivência social.

quote:”É um desamparo absoluto. As amigas jovens, que não têm filho, não te incluem mais no âmbito social, há uma exclusão social de que aquela mulher não é mais mulher, ela é uma mãe e se é mãe solo é mais delicado ainda”, explica Maytê.

Isso faz com que a rede de apoio de uma mãe solo seja muito limitada. De acordo com Maytê, ela só pode contar com três pessoas: sua mãe, seu pai e Babu, um funcionário que se tornou o braço direito da atriz.

“Tenho meu funcionário que é o meu braço direito, o Babu, que é um homem, gay, parceiro, que me ajuda com tudo aqui em casa. Amigos leais são poucos”. afirmou Maytê, que disse ainda que a nossa sociedade não está preparada para oferecer apoio às mães solo. “A gente vai criando nossa rede de amparo, que é mais solitária, faz parte dessa jornada […] Mas a nossa sociedade não está pronta para esse amparo”.

Conciliação entre carreira e maternidade

Desde que se tornou mãe, Maytê nunca deixou de trabalhar, e foi esse tripé de apoio, formado pelo pai, pela mãe e por Babu, que permitiu que ela continuasse exercendo a profissão e criando Violeta.

A atriz sempre tentou conciliar o tempo destinado ao trabalho e à Violeta e conta que, mesmo estando diariamente com a pequena, aproveita qualquer brecha para ficar grudadinha com a filha: “Nos finais de semana, feriado ou day-off, eu quero ficar com a minha filha”.

Atualmente, Violeta está com 10 anos e a rotina de mãe e filha mudou bastante durante a pandemia, pois assim como em muitas famílias, Maytê passou a auxiliar a menina durante as aulas on-line e a ajudá-la com todas as tarefas da escola.

Segundo a apresentadora, se adaptar à nova rotina não foi difícil, mas se tornou um pouco mais cansativo, já que as mães também se tornaram assistentes dos professores. Maytê também aproveitou o momento para trabalhar a autonomia da filha.

“A gente virou inspetora, assistente de professora, mas eu também estimulo ela a ter autonomia, porque eu fui uma criança que não tive papai e mamãe pra fazer dever de casa comigo ou pra estudar. Eu era uma criança independente, eu acho importante para formação você passar os perrengues e aprender a estudar sozinho. Que faz parte também do desenvolvimento, dessa liberdade, dessa responsabilidade pessoal”.

Jornada solo proporcionou independência

Em outubro do ano passado, Maytê usou o Instagram para contar que ter se tornado mãe solo há 7 anos foi a chave para sua autonomia e liberdade.

“Ser mãe solo desde que esse pingo tinha 3 e hoje no desabrochar dos 10, digo e repito que sem o amor dela, não teria conquistado a coroa da minha independência. Graças a ela. A força incansável de sermos a melhor versão. Essa minha criança interna que reconhecia esse farol diário, chamada filha com cor e cheiro Violeta”, escreveu a atriz ao compartilha uma foto ao lado da filha.

Segundo a apresentadora, a jornada da maternidade solo proporcionou uma nova visão de si mesma e a quebra de alguns padrões que se repetiam com mulheres de sua família.

“Hoje entendi o porque dessa solitude. Do nosso tratado só de mãe e filha. É pura Cura e Libertação das minhas avós que estiveram presas e violentadas nesse padrão cruel de relacionamentos abusivos. Mas desatei esse nó que também esteve em mim”.

Essa experiência também proporcionou a Maytê confiança, autoestima e independência e a transformou em uma mulher mais segura, com a autonomia para tomar decisões e administrar sentimentos. “Isso é muito poderoso, foi um resgate do meu poder pessoal”.

Relacionamentos: “Muito bem ancorada, numa vida muito satisfatória”

Maytê está solteira há 7 anos e, segundo a artista, existe um preconceito em torno da figura de uma mulher independente, sem um parceiro fixo, compromissada. Em vez de ser vista como autossuficiente, ela é julgada por muitos como fracassada por não conseguir encontrar um homem.

quote:”É como se o erro estivesse em nós, mulheres.[…] Existe um lugar que é como se a gente fosse a rejeitada, encalhada: ‘ai o problema é dessa mulher, deve ser difícil achar um homem’ […] Então, tem que tirar esse preconceito, desse lugar de abandono. A mulher não está abandonada. Uma mulher livre, uma mulher independente, ela está muito bem ancorada, numa vida muito satisfatória”.

Embora essa seja a visão de muitos, Maytê também acredita que muitos homens se assustam quando a mulher se mostra independente e, além disso, “Achar um companheiro que tope esse combo [mulher independente e com filho] é delicado”, afirmou.

Mas nem por isso a apresentadora desistiu de encontrar um parceiro, só que ele tem que ser maduro, sensível, responsável, que consiga oferecer apoio e, é claro, que goste e se dê bem com Violeta.

“Eu espero que seja um homem espiritualizado, com um olhar feminino também apurado, com uma sensibilidade emocional, afetiva e, principalmente, que ele tenha a hombridade. E a hombridade no homem é ele ter caráter, ter valores, ter posicionamento, ter coragem, de ser homem o suficiente pra dar um amparo a uma mulher. Que seja um cara conectado com Deus e principalmente que valorize, que priorize a família. E, se for pai, melhor ainda”.

Entretanto, se esse parceiro não existir ou aparecer em sua vida, não tem problema, pois para Maytê “é possível ser feliz sendo solteira e mãe solo. Isso não precisa ser um peso nem uma dor. Isso é uma bênção!”.

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