Arnaldo Cohen: música e charme ao piano > Intimidade

Bolsa de Mulher – Como é a tua vida familiar?

AC – Moro em Londres com a minha mulher. Ela está agora no Rio. Eu tenho um filho do meu primeiro casamento. Ele se chama Gabriel, tem 24 anos e vive em Londres. Não tenho filhos do segundo casamento, mas minha mulher tem dois filhos do primeiro casamento dela que são como se fossem meus filhos. A menina vive comigo e o menino, o Rodrigo, saiu de casa agora. Eles já estão grandes, ele tem 22 e a menina tem 21.

BM – Qual o tipo de mulher ideal? Beleza é importante?

AC – A beleza é importante de uma certa maneira. Ela é o fiozinho que une um ao outro, mas eu acho que o que pode ser bonito para mim pode não ser para os outros homens e vice-versa. Há uma variação no tipo de beleza que cada um pode ser atraído. Eu acho que a beleza sozinha não diz absolutamente nada.

BM – Mas qual o tipo de beleza que te atrai?

AC – Eu acho que me atrai uma mulher bonita, mas que não seja necessariamente loira ou morena. Eu não gosto de mulher óbvia, eu gosto da dignidade. Eu gosto da princesa, eu acho que eu gosto do tipo princesa, se é que existe isso.

BM – Uma mulher romântica?

AC – Não, não é romântica não. Eu gosto da beleza aristocrática.

BM – Meio européia?

AC – Não necessariamente.

BM – Como foi a sua adaptação ao clima londrino?

AC – Quando comecei a ir para Europa pegava as primeiras gripes. Fazia 40 graus no Rio e pegava 20 graus negativos lá. Acabei no hospital em Frankfurt.

BM – Quanto ao tipo de vida, como foi a adaptação?

AC – Foi meio difícil no início, tinha outra mentalidade, aquela coisa bem carioca mas, na realidade, acho que a gente se habitua às coisas boas

BM – Quantos vezes por ano você vem ao Brasil?

AC – Depende. Tento vir o máximo possível nesses anos todos. A desorganização brasileira acaba sendo favorável para mim porque eu tenho que vir mais de duas vezes por ano. Eu tenho vindo uma média de duas ou três vezes ao Brasil. O Brasil é meu país e eu tenho uma ligação emocional muito forte.

BM – O que você está lendo?

AC – Estou lendo um livro do Antônio Damázio chamado “O Erro de Descartes” (editora Companhia das Letras). O livro é ótimo.

BM – O judaísmo representa alguma coisa na tua vida?

AC – É claro que representa, é minha origem. Minha origem é judaica pura. Estudei no colégio Hebreu Brasileiro, tinha duas aulas de hebraico por dia. O judaísmo sempre fez parte da minha cultura, falo do judaísmo mais como parte cultural do que necessariamente religiosa e ritualística.

BM – Você é colunista do site no e da Revista Bravo. O que te encanta no teclado do computador?

AC – O teclado do computador é mais um meio para fantasia. O teclado do piano e do computador têm algo em comum. Você coloca sua visão emocional em relação ao que acontece, à vida.

BM – Fale da famosa Belmira, imortalizada na coluna do site no .

AC – Minha querida Belmira…A Belmira é um personagem importante que todo mundo tem dentro de si. Todo mundo tem essa Belmira, entende? Ela existe dentro de mim há muito tempo, desde que eu me entendo por gente. É um personagem quase que idealizado, que você usa, no bom sentido, justamente para se expressar.

BM – Fica mais fácil você escrever pensando num destinatário, a Belmira?

AC – É, seria isso de uma maneira simples. Mas é mais complexo que isso, ela é um alter ego ou seja lá o que for. Ela é um personagem que todos nós carregamos. Nós carregamos muitos personagens dentro da gente e ela é um deles. Todo mundo tem sua Belmira.

BM – É um personagem castrador?

AC – É tudo, ela pode ser tudo. A Belmira não é nada físico, ela é um personagem onde você encontra afago, apoio, discute consigo mesmo através dela e diz coisas que, de repente, não diria. Enfim, ela é uma ponte para você mesmo.