Aula de pompoarismo

ATENÇÃO: ESTE CONTEÚDO POSSUI TEOR SEXUAL E É IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS.

O dia estava tão corrido que nem deu tempo de ficar ansiosa. Só na hora em que peguei o elevador e apertei o andar da sex shop é que bateu o nervosismo: vou fazer uma aula de pompoarismo e não tenho ideia de como será.

A sex shop é cor de rosa e Rozana é morena, tem os músculos do braço desenhados e visual moderninho. Faz pompoarismo há 8 anos e é professora também de massagem, strip tease e pole dance. Vamos direto para uma sala reservada cheia de espelhos e peço licença para me trocar: no site, o recomendado é usar “roupa de ginástica”.

Saio do banheiro de bermuda de suplex verde e camiseta de malha – grande erro. Nota mental: na próxima vez, vestir algo que tenha um mínimo de sensualidade para me olhar no espelho e me sentir mais bonita, mais segura, poderosa, enfim, mais parecida com uma aspirante a pompoarista.

Rozana senta-se de frente para mim e começa a parte teórica da aula, que é curta. Ela diz que o pompoarismo tem que ser tratado com seriedade e responsabilidade. “Não é só introduzir qualquer objeto na vagina”, avisa. Segundo Rozana, o pompoarismo faz bem para a saúde. “Evita que a mulher tenha queda de bexiga ou incontinência urinária e diminui as cólicas menstruais. Além disso, facilita o orgasmo: a mulher pode ter de três a quatro por relação”, diz ela. E eu me animo, claro.

Rozana ressalta a importância de termos consciência corporal e percepção muscular. “O canal vaginal tem três pontos de força, que são chamados de três anéis – um no início, um no meio e um mais profundo”, ensina. A partir daí, a aula é prática.

Sinto-me em uma aula de jazz: a professora me pede que fique de pé, abra as pernas, contraia o abdome, faça movimentos para a direita e para a esquerda, para trás e para frente, em meia lua, como se estivesse rodando um bambolê. Isso é só o aquecimento – o momento de perceber o próprio corpo e tentar entender como ele funciona.

Ao longo de uma hora, Rozana me ensina a pulsar, contrair, segurar e dedilhar – o que mais gostei e quero treinar em casa -, além do intrigante movimento do elevador, em que você aperta cada um dos anéis vaginais. “Subindo: 1, 2, 3; e descendo: 3, 2, 1. Relaxa”, incentiva a professora.

Penso: “Se na hora agá, eu ficar contando ‘1, 2, 3, pulsa, dedilha, relaxa, 1, 2, 3, solta’, não vou aproveitar nada!”. Rozana concorda. O negócio é treinar até que os movimentos ganhem naturalidade e se possa repeti-los sem esforço. Para se tornar uma pompoarista, é preciso treino e disciplina – não é algo que se consiga da noite para o dia. “Não adianta pensar que hoje mesmo já vai poder fazer com o namorado. Tem que se dedicar”, afirma.

Não posso deixar de compartilhar o seguinte: aula de pompoarismo não é para as tímidas. Por mais que a professora seja superprofissional, dá vergonha em alguns momentos. Pelo menos deu em mim.

Depois de muito pulsar, contrair e dedilhar, Rozana me mostra alguns apetrechos que eu posso adquirir para continuar treinando em casa: um monte de pesinhos, um colar tailandês, um bastão vibrador e um ben-wa (duas bolas grandes unidas por um cordão). Ela sugere que eu treine uma semana com cada pesinho para tonificar e fortalecer a musculatura sem estressá-la.

Enquanto anoto, Rozana repete: “Não vai botar isso no site! Os exercícios que estou passando são para você, que já entendeu os exercícios e não teve filhos. Uma pessoa que nunca fez pompoarismo não deve começar se m um auxílio de alguém mais experiente”, diz ela, comparando as séries que passou para mim a uma receita de médico – “Cada um ter que ter a sua”, enfatiza. Então, estão avisadas.

Se eu comprar o kit e seguir as dicas, segundo a professora, terei bons resultados depois de sete semanas de treinos diários de 15 minutos, ficando apta a sugar e expulsar. Rozana me mostra do que é capaz e fico impressionada. “Está sarada, heim?”, brinco. Com tantos exercícios, também vou virar faixa preta do Pompoar.

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Agradecimentos:
Rozana Rezende – A2Ella – www.a2ella.com.br

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