Bateram no meu carro! E agora?

O sinal abriu para você, que já esperava para fazer o retorno. Você seguiu e ele não parou. O choque foi inevitável. Quarenta e sete por cento das leitoras do Petrobras De Carona Com Elas já passaram por situação semelhante, sendo que 29% delas estavam à frente do volante no momento de colisão. A boa notícia é que a maioria delas nunca se envolveu em um acidente de trânsito. Depois do susto, a hora é de respirar fundo para conseguir tomar as providências que a situação requer, tanto no que diz respeito à sua saúde quanto aos danos. Calma e muito jogo de cintura são indispensáveis mesmo nestes casos em que a culpa não é sua. Por isso, fique atenta ao que dizem os especialistas para não sair no prejuízo.

É claro que ninguém gosta de passar por esse tipo de situação, mas você deve estar preparada para se prevenir contra problemas no futuro. “Na hora do acidente, ambos estão insatisfeitos e tudo pode acontecer”, alerta Luciana Santana, diretora técnica da Life Insurance, empresa especializada em consultoria e assessoria em seguros. Caso alguém tenha se machucado, providencie imediatamente o socorro. O seguro obrigatório (DPVAT) cobre todas as despesas médicas em caso de danos à saúde dos condutores. “O reembolso chega a R$ 2.500. Porém, ele não cobre danos materiais”, lembra Neival Rodrigues Freitas, diretor executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

Após o acidente, o primeiro impulso dos envolvidos é discutir a situação que gerou o que as seguradoras chamam de sinistro. No entanto, nesse momento, a recomendação é tomar uma atitude prática para tentar resolver o problema. Se não houver feridos, tente controlar os ânimos. “Mantenha a calma para analisar a situação e depois agir. Não discuta com outros motoristas e nem com a polícia“, ensina Marcelo Sebastião, diretor do ramo de automóveis da seguradora Porto Seguro.

Acionar a polícia e o seguro

Papel e caneta nas mãos. ” Colete os dados do outro motorista: placa do veículo, telefones de contato, o modelo e a cor do automóvel e até o número do chassi, se possível“, enumera Maurício Galian, diretor da seguradora BB MAPFRE. O próximo passo é acionar a sua seguradora e também a polícia. “Ligue para a central de atendimento ao consumidor e faça o aviso de sinistro. Assim você terá os serviços especializados à sua disposição”, acrescenta.

De acordo com a diretora da Life Insurance, um documento oficial vai pesar na análise do ocorrido: “Recomendamos que se faça o Boletim de Registro de Acidente de Trânsito (BRAT), porque o relatório do policial será importante para definir o culpado”. A situação mais comum em acidentes é a falta de conciliação entre os envolvidos, por isso o registro da ocorrência ganha ainda mais importância. “É importante também fazer com que o terceiro participe do registro de ocorrência, assumindo a culpa”, explica o diretor executivo da FenSeg.

Acordo amigável?

Se no documento oficial já constar quem é o culpado, o trabalho das seguradoras é minimizado. “Toda pessoa que causa um acidente tem responsabilidade civil sobre aquele dano. Apesar disso, a seguradora não determina os culpados”, lembra Galian. Buscar testemunhas também ajuda. “Mesmo se todos os ocupantes dos carros estiverem bem, procure testemunhas. Se o outro envolvido não quiser encontrar uma solução amigável para o conserto dos veículos, as testemunhas podem ser fundamentais para a resolução na justiça”, diz Marcelo.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, todo motorista deve guardar a distância de segurança. Por isso, na maioria dos casos, a responsabilidade pelos danos fica a cargo do carro que estava atrás. Segundo Galian, a maior parte dos sinistros sem vítimas ou feridos é desta natureza: “Sendo assim, cada um dos envolvidos informa à sua seguradora que se envolveu em um acidente já discriminando os culpados”. A partir daí, as seguradoras cruzam as informações e liberam os valores da franquia para o conserto dos automóveis. “A liberação será feita por um técnico da empresa, que avaliará se o veículo pode ser recuperado ou se houve perda total”, explica o diretor da Porto Seguro.

Se ambos tiverem seguros para automóveis, Neival aponta duas opções: “Se ele assumir a culpa no acidente, você pode fazer com que a seguradora dele arque com todos os danos causados ao seu veículo”. Não conseguiu entrar em acordo? Aí é cada um com o seu prejuízo. “Cada envolvido aciona seu seguro, que paga o conserto do carro utilizando o valor da franquia. É uma opção onerosa para quem não teve culpa”, considera ele. Por fim, caso nenhum tenha seguro, a saída é entrar na Justiça. “Através do boletim de ocorrência, você pode acionar o juizado de pequenas causas ou mesmo a justiça comum”, completa.

É muito comum os envolvidos realizarem acordos em casos de pequenos danos. “As pessoas acabam preferindo arcar com o prejuízo sem acionar o seguro. Assim, não perdem bônus e nem o valor da franquia”, revela Luciana, que considera essa uma opção arriscada: “Se mais tarde o outro motorista decidir não cumprir o trato, não tem como provar como aconteceu o acidente e você sairá no prejuízo”.