Apesar de a ejaculação rápida liderar o ranking de reclamações sexuais tanto de homens como de mulheres, a demora para ejacular também é motivo de preocupação.
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Como ocorre em muitos momentos da vida íntima de um casal, a parceira pode pensar que o problema está com ela, que não desperta desejo sexual no parceiro. O homem, por sua vez, pode ficar ansioso ao perceber que a ejaculação está levando mais tempo do que o normal para acontecer e perguntar-se se há algo de errado com ele.
Nesse cenário, a “encanação” seria facilmente resolvida com um franco e aberto diálogo – mas raramente é o que acontece. A questão acaba virando um elefante no quarto e gerando cada vez mais nervosismo ao casal. Mas será que há tanto motivo para preocupação?
O psicólogo e terapeuta sexual Paulo Tessarioli, presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Saúde, Educação e Terapia Sexual (ABRASEX), explica que, para que isso seja considerado um problema, precisam existir dois fatores: insatisfação por parte de ambos os parceiros e recorrência.
A queixa é dos dois?
“Na área da sexualidade, não existe um parâmetro do que é certo ou errado, portanto, é impossível determinar em quanto tempo é ‘normal’ um homem chegar ao clímax”, expõe. “Quem dita esse parâmetro sempre são os atores daquela cena sexual. Então, se para aquele casal, o tempo até a ejaculação é mais longo do que gostaria, isso se torna um problema que precisa ser investigado”, explica o profissional.
Dr. Paulo ressalta, no entanto, que pode acontecer de um dos parceiros estar insatisfeito com a “demora” do orgasmo enquanto o outro não. “É preciso levar em consideração que o desenvolvimento sexual é algo muito peculiar, ele acontece de formas diferentes para cada um. Quando duas pessoas com históricos diferentes se juntam, pode haver um problema de ajuste, e é necessário tempo para que se encaixem”, opina.
Nessa situação, o diálogo é, mais uma vez, a saída mais apropriada para que o casal alinhe as expectativas e preferências. “Alguns conseguem fazer isso por conta própria e outros precisam do auxílio da terapia sexual”, diz o psicólogo.
Acontece sempre?
Se tanto o homem quanto a parceira ou parceiro estão incomodados com a questão, é preciso analisar se ela é recorrente. Se ocorreu apenas algumas vezes, de forma isolada, provavelmente o homem estava apenas em um dia atípico ou sob influência de fatores externos – cansaço, estresse, preocupação, nervosismo, etc.
Sendo um acontecimento frequente, o casal precisa procurar orientação médica. O homem deve consultar um urologista, que provavelmente fará uma avaliação para descobrir alguma possível causa fisiológica do problema. “Pode ser que alguma questão orgânica esteja impedindo o homem de ejacular. Neste caso, não tem nada a ver com a parceira: não é por falta de prazer ou desejo, e sim por uma questão centrada no homem”, esclarece Dr. Paulo.
Caso não seja encontrada nenhuma anormalidade física, o médico deverá encaminhar o paciente para um terapeuta sexual, que irá investigar por que o homem não está ejaculando no tempo em que o casal gostaria. “É importante que esse acompanhamento seja feito pelo casal, e não somente pelo homem, já que o problema é dos dois”, enfatiza o especialista.
Vale ressaltar que, assim como ocorre com a mulher, o desempenho sexual do homem está muito atrelado a questões mentais e emocionais. Preocupações profissionais e financeiras, estresse, problemas de saúde ou mesmo conflitos no próprio relacionamento afetam diretamente o sexo. Além disso, um contratempo na cama (como demorar mais do que o comum para ejacular) pode gerar ansiedade na próxima relação, interferindo diretamente na performance e provocando uma bola de neve.