Esforço de casal para trazer cão de rua da Argentina viraliza após desfecho tocante

Quem é que resiste a um cãozinho com a barriga para cima pedindo por carinho? Bastou Priscilla e o namorado acariciarem aquele vira-lata que estava com as patinhas para cima por alguns segundos que ele começou a seguir o casal pelas ruas de Buenos Aires.

Eles até tentaram despistar o cachorro, mas o bichinho já os tinha escolhido como donos e conquistado o coração do casal em minutos. “Algumas horas depois já tínhamos lhe dado nome, coleira, comida e água e pesquisávamos sobre como levá-lo ao Brasil”.

História de casal que adotou cão viralizou

Priscilla Duarte mora no Rio de Janeiro com o namorado Paulo Henrique. Depois de ter o visto para os Estados Unidos negado pela segunda vez, eles decidiram viajar pela América do Sul e foram para Buenos Aires, na Argentina.

O que Priscilla não sabia era que o destino estava preparando algo além do passeio para o casal. Lá eles conheceram Leo, um vira-lata de rua que acabaram adotando e trazendo para o Brasil, mas não foi fácil.

Priscila fez um relato em seu Facebook para contar como foi todo o processo até conseguir trazer Leo para o Brasil – quase quatro meses depois da viagem – e a história acabou viralizando nas redes sociais, com 77 mil curtidas e mais de 24 mil compartilhamentos.

O encontro com Leo

“No nosso segundo dia em Buenos Aires tínhamos planejado visitar o estádio do Boca Juniors, mas haviam muitas manifestações e as ruas onde normalmente passava o ônibus estavam interditadas”, foi assim que Priscilla começou o relato, dando indícios de que o destino tinha uma coisa muito diferente para eles.

Mesmo com toda a movimentação na cidade, Priscilla e Paulo decidiram ir às ruas para ver como estavam as manifestações. No caminho, eles encontraram um cachorro abandonado e pararam para fazer carinho despretensiosamente.

“Ele deitou no chão e ficou de barriga para cima pedindo por mais carinho. Ele era amigável e carinhoso mas tinha um ar triste e sombrio no olhar”, contou Priscilla, que ficou mais alguns minutos acariciando o cão.

Paulo insistiu que continuassem a caminhada e aí o cachorro começou a segui-los insistentemente por dois quarteirões. Eles até tentaram despistar o bichinho, mas perceberam que ele ficou desnorteado quando “se perdeu” do casal.

Foi aí que Priscilla e Paulo foram se aproximando do cão e quando ele os viu novamente, “pulou como se reencontrasse os donos perdidos”.

Processo de adoção de Leo

Quando perceberam, já tinham criado uma relação com o cachorro e foram até o veterinário para saber sobre o processo de adoção, mas o médico não foi nada simpático e disse para eles desistirem da ideia porque seria muito difícil levar o cão para o Brasil.

Mesmo assim eles não desistiram da ideia de se tornarem donos do cachorro. Afinal, o casal já tinha dado água, ração, coleira e até nome: Leonardo Padura, o Leo, nome escolhido em homenagem ao autor do livro “O Homem Que Amava Os Cachorros”.

Leo não podia ficar com Priscilla e Paulo Henrique no hotel por causa de seu tamanho e então eles procuraram uma espécie de “babá de cachorro”, que topou ficar com ele mesmo sem as vacinas ao saber da história.

Enquanto Leo ficou na casa da anfitriã, Priscilla e Paulo Henrique retornaram ao Brasil e passaram semanas pesquisando métodos de trazê-lo para cá.

“Pensamos em desistir várias vezes, mas sempre que lembravamos dos nossos poucos momentos juntos, nos dava força pra continuar”, contou Priscilla durante o relato.

Quando deram início ao processo, enviaram dinheiro à anfitriã, que levou Leo ao veterinário para tomar todas as vacinas necessárias.

Após três meses, Priscilla e Paulo Henrique descobriram que as regras para trazer Leo de avião impossibilitavam seu transporte e demoraria muito tempo para que eles chegassem até lá de carro.

Para completar, a anfitriã não poderia mais cuidar de Leo, pois o proprietário do apartamento que ela morava passou a não permitir mais animais no local.

A chegada de Leo no Brasil

Desesperados, Priscilla e Paulo Henrique começaram a pesquisar outros meios de trazer Leo para o Brasil e encontraram uma empresa que faz transporte de cachorros pelo Brasil.

“Entramos em contato com eles, que ficaram sensibilizados com a história e decidiram nos ajudar e ir buscá-lo em Buenos Aires”, contou Priscilla.

O pessoal da empresa saiu do Rio de Janeiro e foi até Buenos Aires de carro buscar Leo e no dia 16 de novembro, ele chegou à casa dos donos, que ficaram muito emocionados e felizes.

Agora, Leo não desgruda de seus donos e já está conhecendo e passeando pelo calçadão do Rio de Janeiro.

Esta história prova que não são só os donos que escolhem seus cães, à vezes, os bichinhos nos surpreendem ao escolher nosso lar como morada.

Leia o relato na íntegra:

“Em agosto desse ano eu e meu namorado decidimos tirar ferias na Argentina. No nosso segundo dia em Buenos Aires tínhamos planejado visitar o estádio do Boca Juniors, mas haviam muitas manifestações e as ruas onde normalmente passava o ônibus estavam interditadas. A atendente do hotel nos aconselhou adiar o passeio, então decidimos dar uma olhada na manifestação.

No caminho encontramos um cachorro abandonado e paramos para fazer carinho (como fazemos normalmente). Ele deitou no chão e ficou de barriga para cima pedindo por mais carinho. Ele era amigável e carinhoso mas tinha um ar triste e sombrio no olhar. Era de médio porte, castrado, parecia sem raça definida e tinha marcas de arranhões nos rosto. Meu namorado ficou insistindo para irmos logo, então nos despedimos e seguimos nosso caminho.

Dois quarteirões depois nos demos conta que ele nos acompanhava. Entramos numa das manifestações que passava, para tentar despistá-lo e corremos sem ele perceber, mas de longe vimos como ficou desnorteado e não resistimos a correr de volta ao seu encontro. Nesse momento ele pulou como se reencontrasse os donos perdidos. Algumas horas depois já tínhamos lhe dado nome, coleira, comida e água e pesquisávamos sobre como levá-lo ao Brasil.

Fomos num veterinário que disse de má vontade que o processo seria complicado e burocrático demais, não valia a pena e era melhor levá-lo a um abrigo. Mas não conseguimos desistir dele. Fomos ao hotel perguntar se ele poderia ficar no quarto com a gente, mas o tamanho não permitiria, então instalei o aplicativo chamado DogHero para encontrar uma anfitriã que ficasse com ele por alguns dias, e contamos a ela a história.

Ela concordou em ficar com ele mesmo sem vacinas, sem ração e sem data definida para o fim da estada. Então ele ficou com a anfitriã pelos dias seguintes enquanto demos continuidade ao nosso roteiro da viagem.

Voltamos ao Brasil e ele continuava na casa da anfitriã que ficou com ele de boa vontade por todo o tempo enquanto passamos semanas pesquisando métodos de trazer ele para nosso país. Pensamos em desistir varias vezes, mas sempre que lembravamos dos nossos poucos momentos juntos, nos dava força pra continuar.

O processo começou e transferimos dinheiro para a anfitriã ir ao veterinário e dar as devidas vacinas, desparasitação, emitir um certificado dar um banho e comprar ração.

Se seguiram quase 4 meses de pesquisas e descobrimos que a burocracia de transportar um cachorro de avião é um inferno. Tinha o problema do peso, a questão de ser considerado raça de risco (tem mistura com Pitbull), de não poder viajar sem acompanhante. Consideramos buscá-lo de carro mas faltava tempo e disponibilidade. Já estávamos em novembro quando a anfitriã nos disse que o proprietário do apartamento dela ia mudar as regras do prédio e não seria mais possível ter cachorros no apartamento.

Então finalmente descobrimos uma empresa chamada Taxi Dog que fazia transporte de cachorros pelo Brasil. Entramos em contato com eles que ficaram sensibilizados com a história e decidiram nos ajudar e ir busca-lo em Buenos Aires. E o melhor: a DogHero, que nos ajudou com o processo e estava pagando as diárias na casa da anfitriã esse tempo todo, se comprometeu a arcar com grande parte dos custos do transporte.

Depois de muitos contratempos durante a viagem (eles saíram do RJ foram em Buenos Aires e voltaram ao RJ de carro), ontem 16/11/2018 ele chegou ao Brasil!

O nome que escolhemos é de um escritor cubano, autor de um livro chamado “O Homem Que Amava os Cachorros”. Não sabemos se fomos nós que o escolhemos ou se foi ele que nos escolheu, mas agora ele é nosso e passará o resto dos anos debaixo do nosso teto.

Essa é a historia do nosso cachorro argentino, um perro que apareceu nas nossas vidas de paraquedas e nos seduziu. Ele não tem mais o ar triste e sombrio de quando o encontramos na Praça do Congresso; foi substituído por uma postura altiva e imponente que terá a partir de agora.

Essa é a historia de Leonardo Padura.

Essa é a historia de Leo.

Gostaria de agradecer a melhor anfitriã do Doghero Kysbel Gonzalez e dizer que te esperamos aqui no RJ para rever o Leo!

Gostaria de agradecer a melhor empresa de serviços para cães DogHero e dizer que vocês foram essenciais para tudo isso poder acontecer!

Gostaria de agradecer a melhor empresa de transportes de cães Taxidogexclusive que foram cuidadosos com nosso perro, que foram incansáveis durante todos os percalços dessa longa viagem!”.

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