Foi corajosa a forma como Christiane Torloni falou da morte do filho: “A dor humilha”

Em 1992, a atriz Christiane Torloni passou por uma situação difícil e inimaginável para qualquer mãe. Após um acidente de carro, ela teve de se despedir de um de seus filhos, Guilherme, que morreu aos 12 anos e deixou a família completamente devastada. Durante algum tempo, a atriz não falou sobre o assunto e, em um papo com o apresentador Pedro Bial, contou como foi o duro momento.

Christiane Torloni relembra luto por morte do filho

Em entrevista ao “Conversa com Bial” (Rede Globo), Christiane contou que, na época em que tudo aconteceu, ela foi confrontada com valores que lhe foram passados durante a vida. “Eu fui criada de uma maneira para não temer grandes emoções, e o luto faz parte da nossa vida”, explicou a atriz, ressaltando que, apesar disso, sentiu a necessidade de se isolar.

“A gente não tem que ter vergonha, porque a dor de alguma maneira humilha as pessoas, você se sente humilhado porque está exposto, então eu precisei me recolher”, afirmou Christiane, que relembrou também a forma como as pessoas, de certa forma, cobravam sua recuperação emocional. Isso, porém, é algo que ela não conseguiria fazer da maneira que estavam propondo.

“Eu percebi que, até por amor, as pessoas à minha volta queriam que eu ficasse boa. Você tem que ficar bem, alegre. E eu me vi em um show, fui levada por amigos num show dois meses depois [da morte de Guilherme]. Falei: ‘Meu Deus, eu vou morrer aqui dentro’. Houve uma decomposição interna, sabe?”, declarou a atriz, que se viu temendo nunca mais poder atuar.

“Da onde vem essa força de você rir, chorar? Você tem que ter uma integridade mental, emocional. Se você se desfaz emocionalmente, você pira”, disse ela. Buscando um resguardo, ela decidiu então se mudar com Leonardo, gêmeo de Guilherme, para Portugal, país que ela já havia visitado antes e ambos os garotos pediam para conhecer.

https://www.instagram.com/p/BsEkTt3nPWw/

“Nós fomos tentar juntar as nossas pecinhas, ficar muito mais juntinho… Foi o que a gente fez, ficamos lá três anos”, relembrou a atriz, afirmando que, junto, levou uma mala cheia de livros e ideias que já tinha em mente há algum tempo e queria colocar em prática. Neste momento, ela criou a peça “10 Elevado a menos 43 – Extasis”, que significou sua volta aos palcos. A isso, ela se mostra bem grata.

“Foi assim que eu voltei ao palco porque percebi que era o único caminho de volta. A arte realmente cura. Cura, mas precisa abrir espaço para ela”, concluiu.

Declarações emocionantes