Por que a sexualidade fluída de Alanis Guillen importa e como ajuda no acesso à informação?

por | ago 25, 2022 | Comportamento

Alanis Guillen, intérprete de Juma Marruá em ” Pantanal“, revelou em entrevista à Elástica que tem uma sexualidade fluída. A atriz de 24 anos, que tem obtido enorme visibilidade como protagonista da novela líder de audiência da Rede Globo, contou como foi o processo de “assumir a própria voz” e atingir a “libertação” enquanto vive uma experiência transformadora na televisão.

Alanis Guillen fala de sexualidade fluída

Na entrevista, Alanis Guillen comentou sobre sexualidade e abordou a fluidez. Pessoas com sexualidade fluída navegam entre as orientações sexuais, podendo se interessar por homens e mulheres, a depender do desejo e conexões individuais. Assim como outros termos que tentam exemplificar essas diferenças, a fluidez está em constante evolução e abraça vários que estão fora do espectro heteronormativo.

“Assumir isso é uma libertação: passamos a viver com mais facilidade e com relações mais sinceras. O amor também parece mais sincero e real. Falar sobre isso e se aceitar faz com que a gente consiga olhar o outro com empatia”, revelou. Para ela, a paixão depende muito mais da conexão do que com o gênero da pessoa com quem se relaciona.

Tratando sobre as relações entre sexualidade e atuação, visto que encarou algumas cenas de nudez e sexo na novela, a atriz pontuou mais detalhes sobre sua percepção de atração. “A libido não é só algo sexual, mas também sentir brilho e vontade de viver e experimentar a vida. Não interessa como o outro me vê, mas como eu me sinto”. Ainda na entrevista, revelou como a própria Juma ajudou muito em seu processo de autodescoberta: “Foi um encontro muito incrível. Ela tem me ensinado a estar em maior contato comigo e assumir minha própria voz”.

Visibilidade LGBTQIAP+

Interpretando um papel que marca a história da teledramaturgia, Alanis alcança todas as gerações quando fala sobre sexualidade fluída. O “debate” de sua sexualidade não é algo invasivo, sendo este um assunto pessoal, mas sim uma forma de trazer representatividade a um grupo grande de pessoas da comunidade LGBTQIAP+ que não tinham pessoas públicas trazendo conteúdo e informação com que se identificassem nas telinhas.

“Nós, atores, que estamos na mídia, podemos ajudar a fortalecer o espectador que nos assiste e dizer para ele que amar uma pessoa fora do espectro heteronormativo não é errado”, explicou Alanis. “Não somos uma coisa só! E que bom que podemos amar de diversas formas”.

A conexão com os jovens é ainda mais fácil, por meio do contato on-line. “Estamos nas redes sociais o tempo todo e a informação se espalha muito rápido. É uma ferramenta que estou tentando aprender a usar cada vez mais para comunicar de uma forma sábia e com propósito”, disse a atriz, em um contexto que não se aplica somente à questão de sua sexualidade, mas ao poder de transformação social e política que o posicionamento público pode trazer.

Feminismo fortaleceu as reflexões

Ainda na entrevista, a jovem atriz também comentou sua relação com o feminismo em seu processo de autodescoberta. “O feminismo nos ajuda a trabalhar a apropriação do nosso corpo porque até então ele não é nosso, está sempre vulnerável às decisões de outros”.

Segundo Alanis, o maior desafio está na contestação de padrões de comportamento e papéis sociais impostos por uma sociedade patriarcal. “É uma prática diária de elaboração de direitos. Nós fomos treinadas, socializadas e domesticadas a servir. Também precisamos estar sempre nos padrões impostos pelos outros. Vivo um exercício de estar consciente do que eu quero e posso realmente”.

Para solucionar essas questões, ela ressalta novamente a importância do acesso à informação e debate. “Gosto muito de compartilhar experiências e diálogos com outras mulheres porque é assim que percebemos que o que foi normalizado na sociedade é um grande absurdo”.

Sexualidade e LGBTQIAP+