Eu não devia entregar o ouro às bandidas assim de bandeja mas lá vai. Não vou analisar as razões sócio-culturais mas as mulheres têm uma propensão natural para servir, especialmente aos homens. Eu sou razoavelmente gentil e atencioso com as mulheres. Carrego móvel, troco lâmpada e faço estas outras coisas que elas acham que são a razão da existência do homem. Mas consigo quase qualquer coisa de uma mulher apertando os botões certos.
Se é uma festa e quero uma cerveja, faço cara de muxoxo e digo que a minha acabou, mas que já vou buscar outra, que quero esperar esta bater para não passar da conta, que devia ter um barril ali ao meu lado, que a preguiça é grande pois estou cansado do trabalho e ladainha a dentro.
Pronto, não demora um minuto para aparecer uma cerveja novinha na minha mão. E eu não peço, não, não insinuo que ela vá buscar e ainda recuso a oferta pois não quero dar trabalho. Não adianta, funciona: a cerveja vem até a mim, é tiro e queda! E o truque funciona com diversas outras coisas, até levar o carro à oficina!
Mas numa coisa algumas resistem em não serem generosas. Sexo anal. Não conheço uma sequer que, tendo a disposição para perder o preconceito, coragem e o cara certo, não tenham passado a gostar! Algumas pensam que nós homens queremos apenas subjulgá-las e colocá-las numa posição de
servil animal. E não é nada disso. Apenas queremos tudo, queremos ter, estar, fazer por completo. Estas que não se deixam levar por sua natureza gentil, generosa e dadivosa estão perdendo!
Embora possamos conviver de quando em vez, mulheres têm prioridades diferentes das dos homens. Tenho um amigo que, fazendo quinze anos de casado, convidou a mulher para passarem uma semana em Paris. Ha, coitado! Ela veio dizer que era melhor trocar os móveis, comprar cortinas novas,
arrumar a casa de acordo com as energias de uma tal macumba
pseudo-científica japonesa, que refeições exóticas iriam estragar todo o planejamento do regime dela e que ele devia estar louco! Separaram-se.
Sodomia
por Paulo Veiga
S.f. Conjugação sexual anal entre homem e mulher, ou entre homossexuais
masculinos (Dicionário Básico da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira)
– Amorzinho, quero sodomizá-la hoje…
Não! Positivamente, não soa bem. Frio, distante, erudito demais.
– Meu bem, quero comer sua bunda.
Também não. Rude, vulgar, grosso!! Talvez a melhor abordagem seja a de manifestar o interesse mediante apalpadelas. A resposta não tarda:
– Tire esta mão daí!!!… Pode ir logo tirando esta idéia da cabeça!
Que mistérios guarda este ato? O que não deveria ir além de uma preferência anatômica, ou de variações sobre um tema, é, na verdade, um assunto extremamente polêmico. Prostitutas cobram mais para oferecer tais serviços aos clientes. Muitas mulheres casadas não aceitam sequer tocar no assunto com os respectivos maridos.
Solteiras ou casadas, as mulheres são, em geral, refratárias à idéia de “tocar a música do lado B”. Compreende-se que algumas mais idosas ainda se atenham à crença de que se trata de uma imundície, herança dos padrões vitorianos que condenaram Oscar Wilde por praticar “o amor que não ousa dizer o próprio nome”. Princípios religiosos também apoiam esta resistência para aquelas que fingem que só fazem sexo para procriar, muito embora cercadas de cuidados como preservativos, DIUs, pílulas e outros contraceptivos. Há, também, as que acusam o coito anal de ser uma prática bestial, pois a mulher submete-se sem o direito de olhar o parceiro nos olhos, precisando virar a cabeça para beijar. Estas são claramente carentes de experiências com parceiros mais inventivos.
Faltou-lhes a oportunidade de oferecer a retaguarda ao parceiro mantendo-se em posição de frango assado frontal. A leitora deve estar se excluindo de todas estas categorias, pois julga-se experiente e sem preconceitos. Uma mulher liberada, moderna, portanto. Seu tipo, então, alinha-se numa última trincheira: a das que alegam causas físicas bastante simples e que se tornam argumentos convincentes: Dói!!! Mas como? Em plena era de lubrificantes sexuais eficientes, sem cheiro, Dói?
Considerem-se as relações que envolvem prazer, afeto e amor entre dois indivíduos do sexo masculino. Se a penetração fosse, de fato, algo tão doloroso e desprovido de satisfação para a parte passiva, como querem atribuir-lhe as mulheres, teríamos que considerar que as distinções entre os corpos masculino e feminino vão além do que a medicina trata como caracteres sexuais. Como sou espada, não estou aqui para experimentos comparativos. E não sendo médico, não posso emitir qualquer juízo sobre esta questão.
Falando francamente, prefiro crer numa causa mais voluntária e menos natural para a
rejeição ao coito anal. Algo de maquiavélico, de mefistofélico. Uma conspiração feminina universal e tácita para reduzir os homens à mera condição de procriadores. Com a disseminação da técnica da fertilização in vitro, os bancos de sêmen serão a solução para um mundo dominado por mulheres cada vez mais executivas, cada vez mais auto- suficientes. Os homens seriam guardados em currais e apenas os melhores espécimes seriam bem cuidados para prover generosas quantidades de sêmen de modo a perpetuar a civilização de novas amazonas. É preciso que os homens se mobilizem para impedir esta tragédia. Não queremos o poder. Ele corrompe e preferimos nos manter moralmente íntegros. Não queremos a chefia da família. Contas para pagar dão muita dor de cabeça. Atender às convocações de reuniões de condomínio não é uma responsabilidade gratificante. Aceitamos tranqüilamente que as
mulheres passem a cuidar das finanças domésticas, que consertem o carro, que troquem lâmpadas, que removam sifões das pias, desde, é claro, que não se omitam com as tarefas básicas como lavar e passar roupa, cuidar das crianças, preparar nossa comida. Queremos, sim, o direito a sodomizar regularmente nossas queridas esposas, namoradas, amantes e amigas. Queremos sentir as nádegas acolchoadas amortecendo os impactos de nossa virilhas em seus corpos. Queremos ter direito a entretenimento sadio mesmo naqueles dias. Queremos a liberação da porta dos fundos, por onde nenhum bebê vai nascer e interditar a área de lazer. Queremos o direito de penetrar por trás para poder ver o jogo de futebol na TV ao mesmo tempo.