Quem é Helena Nader, 1ª mulher a assumir presidência na Academia Brasileira de Ciências

por | maio 4, 2022 | Empoderamento

A biomédica Helena Nader toma posse nesta quarta-feira (4) da cadeira como presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Eleita em 29 de março com 398 votos a favor e 22 abstenções, Helena é a primeira mulher a ocupar o cargo em 105 anos de existência da instituição, uma lacuna que, segundo a própria cientista, deve ser discutida.

Quem é Helena Nader?

Helena Nader é biomédica, doutora em ciências biológicas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Antes de assumir a vaga, ela seguiu como vice-presidente da ABC desde 2019.

Atualmente, Helena também é presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), onde foi presidente em atividade de 2011 a 2017, e é co-presidente da Rede Interamericana de Academias de Ciências (Ianas).

A biomédica defende a educação plural como forte aliada à ciência.
Rovena Rosa / Agência Brasil

Bolsista do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Helena publicou mais de 380 artigos em revistas científicas internacionais, segundo informações da Agência Brasil.

Seu principal objeto de pesquisa é a heparina, um composto que evita a coagulação do sangue e impede a formação de trombos. Recentemente, descobriu-se que o composto pode impedir que o novo coronavírus invada as células.

Planos de Helena Nader para a ABC

A nova presidente da Associação Brasileira de Ciências tem muitos planos para a organização. Suas prioridades, conforme revelou em entrevista à Agência Brasil, são a pluralidade na ciência e a educação.

“Sem educação não tem ciência, sem ciência não tem tecnologia, sem tecnologia não tem inovação. A academia vai lutar cada vez mais por isso e fazer uma ponte com a sociedade. Já fazemos, mas podemos melhorar”, declarou a biomédica.

A igualdade de gênero enfrenta um longo caminho, mas dentro da ciência, Helena acredita que o caminho é possível por meio do combate a vários tipos de desigualdades. “A ciência ainda é muito pouco negra. Há poucos indígenas. O país tem que, primeiro, reconhecer que foi escravocrata e insistir em políticas pública de inclusão“.

A bandeira do diálogo com todos e uma ciência mais acessível também entrou em pauta. Por isso, a pesquisadora pretende melhorar a comunicação entre a organização e o governo federal, buscando uma presença mais incisiva dentro do Congresso Nacional. “Vamos lutar para que o Brasil, de fato, assuma a educação e a ciência como política de Estado, e não de quem está com a caneta na mão, de quem é o governo de plantão. É difícil, mas a gente almeja”, concluiu.

Mulheres na ciência

Igualdade de gênero é um cenário ainda distante no meio científico.
Manjurul/Getty Images/iStockphoto

Helena Nader avaliou, também em entrevista à Agência Brasil, que a participação feminina em ciências tem crescido, mas que ainda não é majoritária ou igualitária. Assim como em outras áreas, a presença da mulher em cargos mais altos também é escassa.

“Eu vejo que o Brasil andou para trás nos últimos anos em relação não só às mulheres, mas aos direitos humanos como um todo. (…) Temos mulheres (cientistas) capazes e eu vejo um impacto muito importante nas crianças. É mostrar para elas o seguinte, ‘independentemente da profissão, menina, você pode fazer o que quiser, não existe essa diferença’”, afirmou.

A biomédica afirma que o tópico não passará em branco pela sua gestão. “A gente vai continuar trabalhando muito para reverter isso. Vai continuar sendo prioridade”.

A posse de Helena Nader ocorrerá em Reunião Magna da ABC, em formato híbrido, entre 4 e 5 de maio. O evento, com tema “O Futuro é Agora”, acontecerá presencialmente no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, e on-line no canal da ABC no YouTube.

Mulheres na ciência