Férias é tempo de alegria para as crianças e de muita preocupação para os pais que estão trabalhando e não podem curtir os momentos de descanso da garotada. Com a rotina do dia-a-dia, a violência nas grandes cidades, que inviabiliza as brincadeiras na rua, e as famílias cada vez mais reduzidas – diminuindo as chances de férias com avós e tios – as colônias de férias são espaços cada vez mais procurados.
Tudo bem que colônias de férias são simplesmente o máximo! Afinal, quem não gostaria de ir para um lugar onde o maior compromisso fosse a diversão? No entanto, alguns detalhes devem ser observados pelos pais na hora de escolher o local que o filho ficará durante as férias. Pontos importantes são condições de segurança, infra-estrutura, programação e distância. O lugar deve ser adequado à idade das crianças. E uma indicação de amigos é sempre válida.
Os mais velhos têm nos monitores parceiros, que são tratados de igual para igual, enquanto os menores precisam de mais ajuda para realizar as atividades, de alguém como referência
Outra questão que deve ser vista é a proposta de entretenimento da colônia. Cristina Porto, pedagoga especializada em Educação Infantil da PUC-RJ, sugere lugares que respeitem a necessidade das crianças de serem autônomas. “Algumas colônias trabalham com um número grande de crianças e poucos adultos, e por isso as atividades acabam massificadas, parece animação de festas com microfones e apitos”.
Cristina prefere ambientes mais acolhedores, onde a criança não tenha obrigação de estar em atividades o tempo todo: “Muitas vezes, enquanto ela observa um amigo, está aprendendo e se desenvolvendo. Os pequenos devem ser incentivados pelos adultos, sim, mas devem tomar iniciativas nas brincadeiras também”. A pedagoga afirma que as atividades devem conter desafios, para que as crianças se interessem em trocar experiências, não somente em serem premiadas.
Longe de casa
Se seu filho ainda é pequeno e não está acostumado a dormir fora de casa, é normal que tenha medo. Nem sempre eles reagem bem à idéia de passar dias ou mesmo horas longe do seu cantinho, com pessoas estranhas. Cristina Porto comenta que isso é comum, mas não é nada que uma boa conversa e a apresentação do lugar não resolvam. “As crianças costumam ficar mais tranqüilas e aceitar a proposta. Fora que os próprios responsáveis pelas colônias têm seus métodos de convencimento, sabem o que agrada os visitantes”, diz a pedagoga.
Diversão para todas as idades
Para crianças de até quatro anos, as atividades lúdicas, incluindo brincadeiras com desenhos e dramatizações, são as mais indicadas, sempre contando, claro, com a participação dos adultos. E a pedagoga Cristina Porto ainda alerta que os pais devem estar por perto. “Indo ou não para colônias de férias, pais e filhos têm que se encontrar. As crianças ficam cada dia mais cedo nas mãos de instituições. Estar junto é importante para as crianças, mas também para os adultos. Temos que reaprender a brincar, a reinventar o mundo, a lidar com os pequenos”, diz ela.
A partir de sete ou oito anos de idade, as colônias costumam valorizar muito as atividades ligadas ao esporte e a competições, desfavorecendo a parte lúdica, o que é ruim de acordo com a pedagoga. “As pessoas tendem a pensar que as crianças não gostam de brincadeiras lúdicas nessa fase. Mas isso não é verdade, essa é uma época em que os enredos de história ficam cada vez mais elaborados, os personagens e os desdobramentos, mais criativos”, assegura Cristina.
Para ela, uma vantagem indiscutível do lazer nas colônias é a oportunidade de se conviver com crianças de várias idades diferentes, quebrando a lógica serial das escolas. Essa integração gera descobertas para todos. “É claro que há atividades em que as crianças maiores não vão querer aceitar a participação das menores, mas isso é facilmente contornado”, comenta Cristina Porto.
Colônia é o que não falta…
A colônia de férias do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, procura incentivar a livre iniciativa das crianças, brincadeiras lúdicas, leitura e o contato com a natureza. A educadora Rosa Araújo é coordenadora do projeto que busca resgatar brincadeiras antigas e a interação entre crianças em várias fases de desenvolvimento. A idade mínima é cinco anos. “Não colocamos idade máxima, mas geralmente depois dos dez anos as crianças costumam se achar muito grandes e não querem mais brincar com as pequenas, ou sequer vir para a colônia”, conta ela. Rosa Araújo comenta que os pequenos são divididos em grupos para as atividades que mais lhes interessam. “Mas, como se reúnem para trocar experiências na hora do lanche, as crianças sempre querem participar de tudo. Cada grupo é acompanhado por dois monitores, incluindo um professor de Educação Física que acompanha os jogos”, diz. O espaço funciona à tarde e as inscrições são feitas por semana.
O acampamento Nosso Recanto, conhecido como NR, tem duas unidades: na primeira, o NR-1, atende a crianças de cinco a dez anos e na segunda, NR-2, de 11 a 16. De acordo com seu coordenador de atividades, Marco Antônio Zivolo Filho, o NR-1 tem um monitor para cada sete crianças, além do resto do pessoal de staff, enfermeiros, médico e psicólogo. O NR-2 possui equipe semelhante, mas a relação entre monitores e acampantes é diferente: “Os mais velhos têm nos monitores parceiros, que são tratados de igual para igual, enquanto os menores precisam de mais ajuda para realizar as atividades, de alguém como referência”. As atividades também são diferentes: no NR-1 são mais voltadas para o lúdico, e no NR-2 para esportes, mas Marco Antônio garante que há uma mescla delas nos acampamentos.
O coordenador de atividades acredita que pais e filhos devem buscar o acampamento ideal juntos, e que o local deve ter o perfil da criança. Ele aponta os seguintes cuidados: preferir locais que funcionam o ano todo, conhecer a infra-estrutura e a formação do pessoal que vai estar com as crianças, perguntar sobre alimentação, saber se há profissionais de saúde disponíveis 24h e se há seguro de saúde para os acampados, garantindo que sejam atendidos no caso de qualquer emergência. Marco Antônio recomenda que os pais busquem recomendações com a Associação Brasileira de Acampamentos Educacionais, (Abae).
Então, é hora de organizar os novos horários ou fazer as malas das crianças e deixá-las partir para novos amigos e brincadeiras. “Além de ser prazeroso, a viagem de férias agrega uma série de conhecimentos e viabiliza que os jovens criem novos núcleos de amizade, aumentando a sociabilização, além de gerar nas crianças autonomia”, acredita Marco Antônio. Apesar do mês de férias já estar aí, ainda há tempo para as inscrições em várias colônias e o Bolsa de Mulher buscou algumas dicas. Mas é claro que a saudade vai bater à porta…
Para saber mais:
Colônia de Férias de Arte Educação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Colônia de Férias Playgym Natureza – Rio de Janeiro-RJ
Acampamento Caeté – Petrópolis-RJ
http://www.acampamentocaete.com
Colônia de Férias Hotel Pierre – Ilha de Itacuruçá-RJ
Colônia de Férias da Fazenda do Serrote – St. Antônio do Aventureiro-MG
http://www.fazendadoserrote.com.br
Acampamento Nosso Recanto (NR) – Sapucaí Mirim-MG
Associação Brasileira de Acampamentos Educacionais