Meu filho saiu de casa: e agora?

Situações de mudanças, esperadas ou não, podem acarretar em crises pessoais. Não saber como lidar com a nova fase, se desvincular dos velhos hábitos e situações pode ser muito doloroso para algumas pessoas. A saída dos filhos de casa é para muitos pais um momento de tensão e tristeza, que pode culminar na chamada síndrome do ninho vazio.

O psiquiatra e psicoterapeuta João Paulo Lyra, coordenador da Neurofocus Psicoterapias, do Rio de Janeiro, explica que há as crises incidentais, quando as mudanças não são esperadas, e as crises de passagem quando o novo cenário não é uma surpresa. Quando não conseguimos lidar com o sofrimento psíquico, característico das crises, acabamos desenvolvendo transtornos como a síndrome do ninho vazio. “Tanto pode ocorrer com a mãe quanto com pai. Em nossa cultura, normalmente, o papel da mãe na criação dos filhos é mais ressaltado”, explica. Por isso, as mães tendem a desenvolver mais frequentemente esse transtorno mesmo que a saída do filho de casa seja um evento já programado.

Lyra ressalta ainda que o provoca o sofrimento dos pais não é a autonomia do filho. “É a dependência deles em estar em um papel social rígido que provoca a síndrome”, afirma. Contudo, o psiquiatra afirma que, apesar de ser um momento difícil, o casal pode aproveitar a saída dos filhos de casa para fortalecer e reviver o romance a dois. “Às vezes as faltas do casal são supridas com o ‘viver a vida dos filhos’. Essa crise é uma oportunidade de mexer nisso e restabelecer o equilíbrio”, diz. O casal pode dar acolhimento às oportunidades de crescimento da intimidade para superarem juntos mais facilmente essa fase.

“Creio que a crise é na realidade uma oportunidade de mudança, mas seis meses é o máximo que se pode tolerar antes de procurar uma ajuda especializada”, alerta o psiquiatra.