Dores pélvicas, desconforto durante as relações sexuais e cólicas intensas são alguns dos sintomas mais comuns de endometriose, doença caracterizada pela presença do endométrio (camada que reveste a região interna do útero) fora do órgão.
Segundo estimativas, a endometriose atinge uma em cada dez mulheres e, se não for tratada corretamente, pode provocar infertilidade. O que nem todo mundo sabe, no entanto, é que a condição afeta além do físico, e pode trazer também prejuízos psicológicos a quem sofre com ela.
Endometriose afeta a saúde mental: médica comenta
Helizabet Salomão Abdalla Ayroza Ribeiro, médica e presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), afirma que a endometriose pode ser um dos fatores que contribuem para o surgimento de doenças relacionadas a saúde mental em pessoas que têm útero.
“O que vemos no dia a dia são mulheres que levam quase uma década até receber o diagnóstico correto. Nesse meio tempo, suas dores não são levadas a sério, sua capacidade de exercer funções cotidianas fica reduzida, há prejuízo no ambiente de trabalho e nas relações pessoais”, explica a profissional.
De acordo com a médica, diversas pesquisas relacionam a ocorrência de dor crônica a distúrbios de saúde mental – assim como estes distúrbios podem tornar a dor crônica ainda mais sofrida.
“Existem evidências de que ambos podem contribuir e exacerbar o outro. Pessoas que convivem com a depressão, por exemplo, podem ser mais sensíveis à dor. Por outro lado, a presença constante das dores pode afetar o sono, aumentar os níveis de estresse e deteriorar a saúde mental”, pontua.
No caso da endometriose, mesmo após o diagnóstico e início do tratamento, muitas pacientes ficam fragilizadas, com dúvidas sobre a própria saúde e se sentindo pressionadas em relação à fertilidade, já que a doença pode dificultar os planos de ter filhos em alguns casos.
Por isso, segundo a profissional, é importante que as mulheres que sentem dores e outros desconfortos procurem ajuda médica e não desistam até receber um diagnóstico. A endometriose não tem cura, mas, quando tratada, é possível gerenciar as dores e conviver com a condição sem maiores prejuízos à qualidade de vida.
Segundo Helizabet, o acompanhamento com profissionais de saúde mental, como psicólogo e psiquiatra, também pode fazer toda a diferença para que a paciente consiga lidar melhor com as questões que a doença traz.