Príncipe Louis ainda não entendeu a morte da bisavó: como explicar o luto para crianças?

Após a morte de alguém querido, o luto é vivido de inúmeras maneiras. As práticas são culturais e variam de acordo com o país: enquanto é comum chorar no Brasil, por exemplo, existem funerais “alegres” na China, onde as pessoas dançam e celebram as memórias em vida do falecido.

Já para as crianças pode não ser tão fácil entender o motivo da ausência deixada por alguém próximo que se foi – assim como tem sido para o príncipe Louis, bisneto da falecida Rainha Elizabeth II.

“Você acha que ainda podemos jogar esses jogos quando formos à Balmoral [castelo na Escócia que servia para a rainha descansar e passar férias]? Por que ela não estará lá?”, tem perguntado o pequeno, de quatro anos, a Kate Middleton, sua mãe.

Casos assim são comuns e é importante saber como ajudar os mais novos a lidarem com a situação. A seguir, a biomédica e especialista em neurociência comportamental infantil Telma Abrahão ajuda a entender como guiá-los no processo do luto.

Como explicar a morte para crianças?

Mãos de adultos e de uma criança.
Fizkes/IStock

Por volta dos seis anos de idade, a noção de tempo e do “para sempre” já começa a ser melhor desenvolvida no cérebro infantil, assim como as habilidades de raciocínio permitem que ela entenda o significado de não poder mais ver um ente querido.

“Mesmo assim é natural ter dificuldades para identificar e expressar as emoções sentidas nessa idade”, explica a autora Telma Abrahão.

Para ajudar a gerenciá-las, o diálogo e acolhimento são essenciais por parte dos pais ou responsáveis, reforçando a ideia de que a criança não tem nenhuma responsabilidade sobre o acontecimento.

“Falar sobre o que causou a morte da pessoa também é importante, evitando que a criança fique com algum sentimento de culpa. Se foi consequência de acidentes ou outras causas violentas, não dê detalhes, pois alguns fatos podem não ser bem assimilados”, aconselha a especialista.

Mãe e filha criança em um abraço.
Fizkes/IStock

De acordo com ela, é relevante explicar à criança que a vida não é infinita, que nosso corpo envelhece com o passar dos anos e “para de funcionar”, mas que ainda é possível levar sempre a pessoa no coração, “assim como você tem feito”.

As comparações lúdicas são bem vindas, como a de que sementes também crescem, viram árvores, dão frutos e morrem, como todos os seres vivos.

Incentivar a tristeza pode ser saudável

Os pais ou responsáveis, que já possuem maior controle sobre as próprias reações, devem incentivar a criança a falar sobre o que sente e a dar nome às suas emoções, principalmente. “Quando falamos sobre o que sentimos, nosso lado ‘racional’ tende a compreender melhor os sentimentos”, pontua Telma.

IStock / Fizkes

Muitos fatores influenciam no luto infantil, como o nível de proximidade com a pessoa que faleceu, por exemplo. Por isso, ela pode apresentar diferentes comportamentos: alteração de humor, medo de dormir sozinha e choros mais frequentes.

Contudo, o caso de ela ter uma grande mudança de comportamento ou no desenvolvimento e dificuldade de aceitar o que houve, indica a necessidade de buscar ajuda terapêutica.

Comportamento infantil