Entenda por que mentiras, mesmo que mesmo “bem-intencionadas”, devem ser evitadas durante a educação dos filhos
Na ânsia de lidar rapidamente com situações desafiadoras, como a birra, é comum que pais e mães recorram às famosas “mentirinhas”.
No entanto, durante o desenvolvimento cognitivo e emocional de uma criança, a honestidade é um importante pilar para a contrução de relacionamentos saudáveis e de confiança com os próprios pais e outras pessoas.
A seguir, saiba mais sobre por que não mentir para crianças e as consequências disso na vida adulta.
Por que não mentir para crianças?

Frases como “Se você não comer tudo, o policial vai te prender”, “O homem do saco vai te pegar” ou até “Se você não se comportar, eu vou embora e te deixar aqui” podem parecer inofensivas no momento, mas deixam marcas profundas na construção emocional e cognitiva da criança, de acordo com Telma Abrahão, escritora, neurocientista e especialista em desenvolvimento infantil.

Afinal, se a criança descobre que se trata de uma mentira – seja ainda na infância ou mais tarde, na adolescência –, pode perder a confiança e o respeito em quem deveria ser sua referência, como a mãe e pai.
“Ela passa a questionar não só aquelas afirmações, mas tudo o que eles dizem. Isso pode fazer com que, ao longo dos anos, os pais percam sua autoridade natural, e os filhos parem de confiar no que eles falam, inclusive em assuntos realmente sérios”, pontua a profissional.

É importante lembrar que a infância é o momento em que aprendemos sobre limites e como tratar o próximo. Por isso, crescer ouvindo mentiras ensina que enganar alguém é uma estratégia aceitável para se obter o que deseja.
“Sem perceber, os pais reforçam um padrão que pode fazer com que seus filhos se tornem inseguros, desconfiados ou, no outro extremo, que passem a mentir com naturalidade”, afirma Telma Abrahão.
O que acontece com uma criança que cresce ouvindo mentiras?

A consequência de crescer ouvindo “mentirinhas” pode se estender para a fase madura: enquanto muitos adultos enfrentam dificuldades para confiar nas pessoas, outros têm problemas para identificar a verdade – isso porque, muitas vezes, sentem um medo irracional de exemplos que foram usados como ameaças na infância.
Para Telma Abrahão, a honestidade, dentro de um nível adequado para a idade da criança, é sempre a melhor escolha.
“Ao invés de assustar ou manipular, os pais devem falar sobre as consequências reais das ações, de maneira respeitosa e verdadeira. Assim, estão construindo uma base sólida, confiante e de segurança emocional, formando adultos emocionalmente saudáveis. Crianças aprendem com exemplos”, conclui ela.