Ação anti-inflamatória do repolho é aliada da lactante para além do famoso “sutiã”

É comum que as mães, de primeira viagem ou não, ouçam muitas dicas e palpites sobre como cuidar do bebê, especialmente quando se fala de amamentação. Um dos conselhos mais falados, nos últimos tempos, é o uso de folhas de repolho congeladas sobre as mamas. O truque já foi, inclusive, difundido por algumas famosas e promete aliviar sintomas do ingurgitamento mamário ou da mastite.

Especialistas ouvidas pela reportagem explicam o tal uso do sutiã de folhas, mas também as propriedades anti-inflamatórias do repolho, o que faz dele um grande aliado, especialmente na alimentação das lactantes, auxiliando na formação da flora intestinal do recém-nascido. Entenda!

Para que serve o repolho no peito?

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A apresentadora Rafa Brites e a atriz Giselle Itié já fizeram o uso de folhas do repolho como compressa fria, para aliviar as dores da mastite, uma inflamação nos tecidos da mama, e do ingurgitamento mamário, o famoso “peito cheio de leite”.

Para a pediatra e amamentóloga Dani Tescari, é preciso tomar cuidado com essa prática, pois, se mal higienizado, o repolho pode trazer bactérias e causar uma infecção, se houver lesões da mama.

Depois da avaliação, a compressa gelada ajuda (e muito!) no dia a dia das lactantes. “O repolho é comumente usado por ser uma folha que tem um formato mais anatômico, por ser fácil de ser higienizada, e tem mais uma ação mecânica, de esfriamento da mama, aliviando as dores e outros sintomas de ingurgitamento mamário e mastite”, comenta Paula Lenfers, pediatra e especialista em amamentação e desenvolvimento infantil.

Ela explica que as folhas do repolho verde tendem a ser mais eficientes. “Conforme a folha vai esquentando, por estar gelada e em contato com a mama quente, há liberação de algumas substâncias, como os bioflavonóides e a genisteína, que possuem ação antioxidante e anti-inflamatória e ajuda na melhora do desconforto, do inchaço”, fala ela, que também reforça a ida ao consultório.

Para as duas especialistas, entender a relação entre a mãe, o bebê e a amamentação, no dia a dia, é de suma importância. “A gente chega até ver como acontecem as mamadas, para ver se é excesso na produção de leite, falta de pegada, alguma intercorrência na boquinha da criança. Avaliamos tudo e, então, prescrevemos práticas, como a compressa de repolho, que precisa ser muito bem higienizada e não pode ter contato com o mamilo, por exemplo, e até tratamentos medicamentosos”, diz Paula.

Quem está amamentando pode comer repolho?

Com relação a alimentação da lactante, Dani ressalta a importância das mães de pensarem sobre como os alimentos que estão ingerindo também refletem na parte gástrica dos seus filhos.

“Quando a gente fala da alimentação para a saúde das mães que estão amamentando, geralmente pensamos na ingestão de coisas que aumentem a produção de leite. Mas é crescente a necessidade da gente pensar na saúde da flora intestinal da mãe, que, pelo leite, também passa para o bebê”, pontua a médica.

Ou seja, segundo ela, o repolho é um dos pilares da alimentação anti-inflamatória, principalmente quando fermentado, como o chucrute, por exemplo. Além disso, uma dieta pensada para desinflamar o corpo é muito benéfica para as lactantes, pois ajuda a equilibrar a flora intestinal e propiciar a multiplicação de bactérias saudáveis, que fazem toda a regulação do nosso sistema imunológico no intestino.

“São essas bactérias da mãe que estarão presentes no leite e que irão dar ainda mais proteção para o intestino do bebê”, diz Dani, que enfatiza a necessidade de um acompanhamento com pediatras e nutricionistas, para pensar em uma dieta que seja a melhor possível para a mamãe e o seu filho.

Veja os alimentos que podem te ajudar a ter uma dieta mais anti-inflamatória

  • Alimentos fermentados, como o chucrute e Kombucha
  • Gorduras boas, como o abacate, o coco, e o salmão
  • Leguminosas, como lentilha, ervilha e grão de bico
  • Sementes, como chia, gergelim, semente de girassol
  • Kefir
  • Mudança do carboidrato simples, como a batata, o pão branco, para os carboidratos complexos, como as aveias e as granolas sem açúcar

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