Interesse em barriga de Vivi Araújo e peso de Isa Scherer prova: poucos entendem o corpo pós-parto

Ter uma barriga pós-parto ainda inchada como se houvesse um bebê no útero da mulher e passar meses – ou até anos – com um peso maior do que no início da gravidez é algo normal para mamães – mas, em alguns detalhes da relação do público com famosas que deram à luz recentemente, é possível notar que ainda existe um padrão de beleza (até para mães).

Após ter filhos, as mulheres seguem sendo pressionadas a retomar o corpo de antes da gravidez o mais rápido possível – algo que, nos últimos meses, ficou muito evidente em comentários de internautas especialmente sobre de Viviane Araújo e Isa Scherer, ambas mães de primeira viagem que têm sido mais questionadas por seus corpos pós-parto do que acolhidas nas dores e dificuldades da maternidade.

Curiosidade com corpos de famosas após o parto expõe padrão difícil

Após darem à luz pela primeira vez, a atriz Viviane Araújo e a chef Isa Scherer têm compartilhado uma série de registros do dia a dia com os filhos e, em meio ao êxtase da maternidade, não estão escondendo o corpo pós-parto.

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Viviane, por exemplo, surgiu recentemente com a barriga levemente inchada, mas sem estrias (algo provavelmente fruto do estilo de vida extremamente regrado mantido por ela antes da gravidez). Isa Scherer, por outro lado, compartilhou com naturalidade um clique da barriga pós-parto, mostrando que, semanas após o parto de gêmeos, a barriguinha segue protuberante, com diversas estrias.

Mesmo que nenhuma das duas esteja focando no assunto, porém, é possível notar grande curiosidade por parte do público com a nova forma física das famosas; enquanto Viviane causou furor ao mostrar uma barriga pós-parto já bastante próxima de sua forma anterior à gravidez, Isa vive sendo questionada no Instagram sobre seu novo peso e sobre a flacidez da barriga.

Atualmente, na era digital, muitas mulheres mostram a maternidade e o puerpério sem censura, deixando claro que a barriga demora a voltar a seu tamanho natural e o ganho de peso na gestação é algo absolutamente esperado – mas, mesmo assim, situações como estas provam: pouco se sabe sobre o corpo pós-parto e ainda existe um padrão bastante rígido para mulheres que se tornam mães.

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Corpo pós-parto: cada uma tem sua experiência

Para Alessandra Augusto, psicóloga especializada em terapia cognitiva comportamental da clínica Psicoacess, no Rio de Janeiro, a insatisfação com o próprio corpo, extremamente comum entre mulheres no período pós-parto, é estimulada constantemente há muito tempo, e, com o atual avanço das redes sociais, as implicações ficam ainda mais evidentes, expondo um padrão bastante inatingível.

A pressão, inclusive, evidencia a falta de consciência sobre o que é, de fato, um corpo pós-parto, bem como a falta de reconhecimento sobre as diferenças na estrutura corporal de cada mulher. Por fatores genéticos ou até pela rotina que as mães têm durante a vida toda antes de engravidar, é possível que algumas vejam a barriga “murchar” mais rapidamente enquanto outras observem alterações permanentes na forma física – e todas estas possibilidades devem ser consideradas normais.

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Por isso, segundo a psicóloga, é preciso que tanto mães quanto a sociedade de forma geral reflitam sobre o quão únicas são as experiências – bem como as consequências delas para o corpo. “Ela [a mulher] é o tempo todo cobrada para voltar a ser como era antes. Mas ela precisa entender que cada corpo tem um tempo, entendendo que houve uma transformação. É possível ainda ser melhor do que antes. Não há prejuízo, pode haver até a percepção de que houve ganhos”, afirma Alessandra.

No mundo das redes sociais, imagens de famosas que “magicamente” recuperam o corpo de antes da gravidez no pós-parto estão cada vez mais acessíveis, e, segundo a terapeuta, esta é outra questão que favorece o crescimento das pressões internas – ou seja, da mulher com ela mesma. “Comparações são como ervas daninhas para a própria personalidade”, pontua ela.

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Como “escapar” da pressão

De acordo com Alessandra, é essencial perguntar a si mesma o que exatamente se busca nas redes sociais: distração, um serviço ou um “modelo” a ser seguido? “Quando entro para ver somente uma blogueira que teve bebê há pouco tempo e já se recuperou em tantos dias, acabo me deprimindo e me frustrando”, explica.

Ela ressalta que, no mundo digital não necessariamente as pessoas têm compromissos com a verdade ao publicar algo, já que existem inúmeros meios para editar fotos – assim como a realidade financeira também podem ser diferentes. Sendo assim, dedicar um tempo ao bebê, à nova realidade puérpera e a si mesma (sempre tendo em mente que as redes sociais não mostram a realidade) são eficientes antídotos para se blindar do que não acrescenta.

É interessante lembrar ainda que, em geral, pessoas famosas têm acesso a inúmeros tratamentos estéticos, por vezes oferecidos gratuitamente. Nas redes sociais, é possível enxergar os resultados disso, mas nem sempre o procedimento feito é mostrado da mesma forma – e ter isso em mente é essencial para diminuir a pressão.

Além disso, é preciso também ter em mente informações confiáveis sobre o que esperar de um pós-parto. Segundo a ginecologista e obstetra Erica Mantelli, por exemplo, é completamente normal que a mãe ainda apresente uma barriguinha (ou barrigão) mesmo depois de gerar um bebê. “Logo após o parto, a mulher perde em média de 5 a 6 kg, mas o útero ainda está aumentado e vai diminuindo gradativamente ao longo do primeiro mês”, conclui a médica.

Maternidade real