Marianna Feiteiro
Do Bolsa de Bebê
O diabetes gestacional é a alteração do metabolismo do açúcar que ocorre devido às mudanças pelas quais passa o corpo da mulher durante a gravidez. Ela normalmente se manifesta a partir da 20ª semana e se mantém até o final da gestação, apresentando riscos mais sérios para o bebê do que para a própria mãe.
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É normal que o corpo da mulher passe por uma série de modificações durante a gravidez. Uma delas é o bloqueio parcial da ação da insulina, causado por hormônios produzidos pela placenta. Isso compromete o transporte do açúcar até as células, aumentando o nível de glicose no sangue. Segundo a obstetra Dra. Arícia Helena Giribela, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), as mulheres que não têm uma reserva de insulina que possa compensar essa disfunção acabam desenvolvendo o diabetes.
O grupo de risco inclui mulheres com sobrepeso ou que engordaram muito durante a gravidez, idade avançada (acima dos 35) e com histórico da doença na família. O problema também pode atingir as mulheres cujo primeiro filho nasceu com sobrepeso.
“Os riscos para a mãe são os mesmos de um diabetes fora da gestação: alterações renais, excesso de açúcar no sangue, o que causa tonturas, mal estar, piora de cicatrização, entre outros”, explica a obstetra. “O pior é para o bebê: ele geralmente fica acima do peso normal, o que chamamos de macrossomia, impedindo o parto normal, e, frequentemente, há casos de malformações, principalmente cardíaca”, alerta. Existem ainda indícios de que filhos de mães que tiveram diabetes durante a gestação têm mais risco de serem obesos na vida adulta e de desenvolverem diabetes, uma vez que o organismo foi sobrecarregado na gestação. A mãe também corre maiores riscos de desenvolver diabetes no futuro.
Segundo explica a especialista, a forma de identificar o problema é fazendo um rastreamento a partir da 24ª semana de gestação nas mulheres que configuram nos grupos de risco. No exame, o médico dá uma sobrecarga de glicose à mãe e observa, por meio de exames de sangue feitos de hora em hora, o tempo que a corrente sanguínea leva para absorver o açúcar. Uma vez identificado o diabetes, o procedimento inicial é balancear a dieta da gestante com menor quantidade de carboidratos e monitorar a glicemia, o que geralmente é feito em casa através do exame de dextro – aquele em que o paciente, com o equipamento adequado, faz um pequeno furo na ponta do dedo e coloca uma gota de sangue na fita reagente, que revela o nível de glicose no sangue. “Se a dieta não for suficiente, a paciente começa a receber doses de insulina, podendo inclusive ser internada para que a dose seja acertada. Os níveis de glicose podem variar, portanto a gestante deve ser monitorada até o bebê nascer”, explica Dra. Arícia.
“Se for o caso do diabetes puramente gestacional, ele some quando a criança nasce”, esclarece a especialista, lembrando que há casos em que a doença já existia, mas só foi descoberta durante a gestação e, portanto, irá prevalecer após o nascimento. “No caso da mãe que já era diabética e fazia tratamento, o remédio tem de ser modificado, porque a maior parte dos medicamentos tomados por via oral não podem ser usados na gravidez. A maioria delas passa a fazer o tratamento com insulina, o que não prejudica o bebê”, explica.
Para evitar a doença, a orientação da médica é engravidar de forma planejada, mantendo o peso adequado e fazendo exames prévios para detectar alterações no metabolismo dos açúcares. “Além disso, deve-se manter o ganho de peso a, no máximo, 1 kg por mês, o que deve ser controlado com exercícios físicos e dieta”, orienta a especialista, lembrando que a atividade física deve ser iniciada antes da gravidez e ser modificada de acordo com o momento de gestação e a orientação médica.
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