O retinoblastoma, um tipo raro de tumor maligno nos olhos, acabou se tornando um dos assuntos mais comentados na web após Tiago Leifert e sua esposa, Daiana Garbin, revelarem o diagnóstico de sua filha, Lua.
Desenvolvido na retina, o câncer é mais comum em bebês e crianças pequenas e possui grandes chances de cura com o diagnóstico precoce. Saiba mais sobre a doença:
Retinoblastoma é maligno?
O retinoblastoma é um tipo raro de tumor intraocular maligno, que se desenvolve nas células da retina – a parte dos olhos responsável pela visão – de bebês e crianças pequenas.
Normalmente diagnosticado antes dos cinco anos de idade, este câncer ocular corresponde de 2,5% a 4% de todos os cânceres pediátricos e, no Brasil, acomete 1 em cada 20 mil nascidos vivos.
De acordo com a oncologista Sheila Ferreira, da Oncoclínicas São Paulo, o retinoblastoma pode se apresentar de duas formas: unilateral/unifocal e bilateral/multifocal.
O retinoblastoma unilateral, ela explica, ocorre em apenas um olho e correspondente a 75% dos casos, sendo 90% deles não hereditários e considerados esporádicos. Os 10% restantes são germinativos, ou seja, vindos das células que dão origem ao espermatozoide e óvulos dos pais da criança.
Já o retinoblastoma bilateral, quando o câncer acomete os dois olhos, é hereditário e corresponde a 25% de todos os casos. Neste caso, a doença se caracterizada pela presença de mutações germinativas do gene RB1, que pode ser herdado de um parente afetado, em 25% das vezes, ou resultado de uma nova mutação germinativa, em 75%.
Segundo a profissional, dois terços dos casos costumam ser diagnosticados antes dos dois anos de idade e 95% antes dos 5 anos, a depender da lateralidade da doença.
“Pacientes com doença bilateral (nos dois olhos) geralmente são diagnosticados antes do primeiro aniversário, enquanto aqueles com doença unilateral (em apenas um dos olhos) sabem da condição entre o segundo e terceiro ano de vida”, explica.
Sinais e sintomas do retinoblastoma
De acordo com o pediatra Eduardo Rosset, de São Paulo, o principal sinal da presença de um tumor de retinoblastoma nos olhos é um reflexo brilhante que se chama leucocoria e que se assemelha ao brilho dos olhos de gatos iluminados à noite.
“Isso é o reflexo da luz sobre a superfície do próprio tumor, e muitas vezes só é notado em algumas posições do olhar, à luz artificial ou em fotos, quando a luz do flash bate sobre os olhos”, ele comenta.
Outros sinais que podem indicar a presença do tumor intraocular em alguns casos são estrabismo, dor e inchaço no olho afetado, sensibilidade exagerada à luz ou, ainda, a perda da visão.
“O início dos cuidados começa ainda na maternidade, onde todo recém-nascido deve ser submetido ao Teste do Olhinho (teste do reflexo vermelho) até 72 horas de vida, sendo este o primeiro passo para a detecção de doenças oculares. Após essa abordagem inicial, o Teste do Olhinho dever ser repetido pelo pediatra ao menos três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida da criança”, orientam a CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e da SBOP (Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica) em nota de esclarecimento divulgada após o anúncio de Tiago Leifert.
“Para ampliar a proteção da saúde ocular das crianças, recomenda-se ainda que bebês de seis a 12 meses passem por um exame oftalmológico completo. Posteriormente, entre três (idealmente) e cinco anos, esse mesmo bebê deve ser submetido a uma segunda avaliação oftalmológica”, completam.
Tratamento do retinoblastoma
Notado qualquer sinal ou sintoma diferente, a criança deve ser examinada por um profissional através de testes que ajudam no diagnóstico. Os mais comuns são: exame de fundo de olho com a pupila bem dilatada, mapeamento de retina (de rotina), ultrassom ocular e ressonância magnética.
“Em caso de confirmação de diagnóstico de retinoblastoma, a criança iniciará tratamento que depende de vários fatores: localização e o tamanho do tumor, disseminação além do olho e possibilidade de preservação da visão”, explica a nota da CBO e SBOP.
Os tumores pequenos podem ser tratados com métodos que não prejudiquem a visão dos pacientes, permitindo-os enxergar normalmente.
“Nestes casos que se encontram na fase inicial, não é realizada cirurgia, somente métodos que se assemelham a laser e radioterapia”, explica a oncologista Sheila Ferreira.
Já nos casos mais avançados, a criança pode ser submetida a diferentes abordagens de tratamentos, como cirurgia de enucleação (cirurgia de remoção do globo ocular ou de massa sem dissecação do globo ocular), tratamentos locais como laserterapia e crioterapia combinados com quimioterapia, quimioterapias intravítrea e intra-arterial, quimioterapia intravenosa, radioterapia ou transplante autólogo de medula óssea.
“É preciso analisar se o tumor está em um ou nos dois olhos, verificar a visão do olho afetado e se o tumor se disseminou ou não. No caso da retirada do globo ocular (enucleação), o procedimento é feito apenas para tumores muito grandes e com potencial disseminação”, reitera Bruna Ducca, oftalmopediatra na EyeKids, em São Paulo.