O Essure chegou prometendo que mulheres não precisariam mais passar por anestesia, cirurgia e internação para realizar a laqueadura de trompas. O método sem cortes permitiria que a mulher realizasse o procedimento para impedir a gravidez de uma forma muito menos invasiva, sem passar por nenhuma dessas etapas e podendo voltar à rotina normal ainda no mesmo dia.
Mas, afinal, como é feito? É possível confiar nesse método tão polêmico?
Como é feito
Para que seja feito esse tipo de laqueadura, o médico precisa ter a confirmação de que a mulher não está grávida e realizar exames simples, como papanicolau e ultrassom transvaginal. Estando tudo certo, inicia-se o procedimento, sem necessidade de jejum ou anestesia.
O método é feito via vaginal por meio da histeroscopia, onde um aparelho com uma câmera permite avaliar a cavidade uterina e a entrada das tubas. Por ele é introduzido um cateter com um dispositivo em forma de mola na ponta. Esse dispositivo será colocado dentro de cada uma das trompas.
Após o procedimento, durante os três meses seguintes, ao redor das molinhas, o corpo naturalmente forma um tecido cicatricial que termina de bloquear a passagem entre os ovários e o útero, caminho por onde passam os óvulos e espermatozoides. Durante esse tempo de cicatrização é indicado continuar com outra forma de prevenção. Passado o período, é feita uma radiografia simples ou com contraste para constatar o bloqueio e a mulher é liberada.
Todo o processo demora em torno de 30 minutos, mas pode variar de acordo com as condições de cada paciente.
Efeitos colaterais
Segundo a Bayer, fabricante do Essure, e ainda de acordo com os médicos responsáveis por essas intervenções, a mulher pode sentir um incômodo durante o posicionamento do dispositivo e também por algum tempo depois, parecendo uma cólica menstrual. Não haveria, segundo eles, restrição quanto à atividade física ou sexual.
Polêmica: é seguro?
Essa é a maior polêmica envolvendo o método: é seguro ou não?
Segundo a fabricante, sim. Mas há diversos estudos e reportagens ao redor do mundo contando sobre os problemas causados pelo Essure em mulheres. Há relatos de casos em que pacientes precisaram retirar até mesmo o útero após complicações com o Essure, de acordo com uma longa reportagem internacional com o apoio da Agência Pública.
Até mesmo a Anvisa chegou a suspender o uso do Essure no Brasil em 2017, mas no mesmo ano foi liberado. Na época da proibição, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária afirmou que o produto oferecia “risco máximo”. Em comunicado, a informação era de que relatórios técnico-científicos comprovaram que “o uso pode provocar alterações no sangramento menstrual, gravidez indesejada, dor crônica, perfuração e migração do dispositivo, alergia e sensibilidade ou reações do tipo imune”.