Algumas mães, ao vivenciar a felicidade de ter um filho, sentem vontade de se aventurar numa segunda gravidez. No entanto, essa decisão deve levar em conta não apenas aspectos familiares ou financeiros, mas de saúde. O ginecologista e obstetra Mário de Barros explica que a mulher só está preparada fisiologicamente para engravidar de novo após um período que pode ir de 3 a 12 meses depois do parto, dependendo do tipo de procedimento – normal ou cesárea.
“Após o nascimento da criança, a mulher passa durante três meses pelo estado puerperal, no qual o organismo se regenera. No caso do parto normal, a mulher está apta a ovular após 45 dias. Já no caso de uma cesariana, ela só pode voltar a engravidar depois de 1 ano, porque precisa esperar a cicatrização do útero”, esclarece o médico.
Ainda assim, o ginecologista adverte que este é um tempo muito curto para se pensar em uma segunda gravidez. Isto porque, além de o herdeiro ser muito dependente da mãe, o processo da amamentação priva a criança que está sendo gerada dos nutrientes necessários para se desenvolver. “A mulher pode engravidar, mas não é conveniente, porque ela ainda está amamentando, recuperando a estética e o organismo”, afirma Mário.
Elas falam da experiência
Emendar uma gravidez na outra nunca foi a intenção da atriz Eliane Giardini. Ela conta que teve bastante tempo para curtir sua primeira filha, Juliana, hoje com 33 anos. Somente quando a primogênita começou a ficar mais independente, ela considerou a possibilidade de ter sua segunda, Mariana. “Acho que é sempre bom dar um intervalo. Minhas filhas têm três anos de diferença. Acho que é o ideal porque, além da questão da saúde para a mãe, dá tempo de a criança curtir a atenção dos pais. Mas nem sempre a vida acontece como programamos”.
A atriz Mônica Torres, mãe de três filhos, concorda que um espaço de três anos entre um filho e outro é a melhor opção. “Quando o filho ainda é de colo, ele é muito dependente de você. Então fica difícil se dividir”, pondera. Mônica conta que era muito jovem quando deu à luz pela primeira vez a Isabel, de 25 anos, fruto do casamento com o ator José Wilker. Mas a chegada de seus filhos adotivos, Francisco, de 7 anos, e Sthefany, de 10, quando era casada com o ator Marcelo Anthony, deu à atriz a chance de ser mãe numa fase mais madura da vida.
“Quando Sthefany chegou, ela tinha 5 anos e meio e o Francisco tinha 2 anos. Foi uma batalha, porque os dois precisavam de muita atenção. Foi muito exaustivo, mas eu encarei. Tem gente que encara de maneira mais leve, mais descompromissada, mas eu não consigo. Não tem nada que me motive mais do que meus filhos”, declara Mônica.
Cássia Kiss, atualmente na novela “Escrito nas Estrelas”, da TV Globo, não acredita em intervalo ideal. Segundo ela, o que existe de verdade é a vontade de formar uma família: “Para mim, intervalo é desculpa. Não existe hora certa, existe vontade. A única coisa que se deve levar em consideração é o desejo de ter um filho. Isso é tudo”. Cássia é mãe quatro vezes: de Joaquim, 14, Maria Cândida, 13, Gabriel, 8, e Miguel, de 6 anos. No entanto, ela garante que consegue cuidar igualmente de todos. “Sempre consegui dar atenção para todos e para o meu marido também!”, comemora ela.
O ginecologista Mário de Barros lembra que o intervalo ideal pode variar de mulher para mulher. Uma mãe que mantém hábitos saudáveis e não apresentou riscos durante a gravidez tem chances de desenvolver menos problemas caso a próxima gestação ocorra num espaço curto de tempo. Já aquelas que tiveram complicações, como a diabetes gestacional, passam por um desgaste muito maior.
De acordo com o profissional, ter filhos de idades próximas pode ser bom para o desenvolvimento das crianças, porque uma faz companhia para a outra. Por outro lado, a criança que é muito agitada ou que exige mais atenção pode dar mais trabalho para os pais. “Passando esse tempo de pelo menos 1 ano após o parto, acho que a decisão de ter outro filho vai depender da questão financeira, da personalidade dos filhos, da saúde da mãe, mas acaba sempre dependendo principalmente da vontade da família”, finaliza o médico.