Ovários policísticos > Fertilidade no cardápio

Estudos apontam que o tipo de alimentação está diretamente relacionado à evolução da síndrome dos ovários policísticos. “Dependendo da alimentação, podemos melhorar ou piorar as alterações causadas por esta síndrome. É através da dieta que podemos prevenir outras doenças associadas aos ovários policísticos como obesidade, diabetes e câncer do endométrio”, revela Barbara Sanches nutricionista funcional da VP Consultoria Nutricional, em São Paulo.

Na hora da escolha do que vai para o prato é preciso ter muita atenção. “A mulher deve priorizar alimentos de baixo índice glicêmico, ou seja, frutas, verduras, legumes e alimentos ricos em fibras”, ensina Barbara. Proteínas (carnes), gorduras saturadas, açúcares, produtos industrializados, leite e derivados devem ser evitados. Mas isso não significa radicalismos. “A redução do peso corporal em apenas 5% já se mostra eficaz na redução da resistência à insulina, além de melhorar a função menstrual, reduzir os níveis de testosterona, pelos e acne”, garante Barbara. Na hora de cozinhar, evite frituras. Prefira preparações cozidas e ensopadas. E utilize óleo de canola ao preparar os pratos.

Há um risco maior de aborto quando a paciente não é tratada previamente pelo próprio desarranjo hormonal causado pela síndrome

Mas lembre-se de que de nada adianta escolher bem os alimentos se você anda pulando refeições ou deixando grandes intervalos de tempo entre elas. “O ideal é fracionar a refeição em menores quantidades (de cinco a seis refeições por dia) e com intervalos de mais ou menos três horas entre elas”, aconselha Barbara. Essa atitude melhora a resposta do corpo à insulina e evita futuros problemas associados à síndrome.

Encomendando à cegonha

A utilização da pílula anticoncepcional no tratamento da síndrome dos ovários policísticos já é conhecida. Mas e quando a mulher deseja engravidar? É certo que a disfunção interfere na fertilidade da mulher, logo, encomendar um bebê pode se tornar uma tarefa difícil. “A síndrome está associada a quadros de anovulação crônica, ou seja, falta de ovulação. Ocorre um desarranjo hormonal que, mesmo quando a paciente consegue ovular, é desfavorável a uma gravidez”, explica Natália Zavattiero Cabral, obstetra e especialista em reprodução humana.

Para dificultar ainda mais, a Síndrome dos Ovários Policísticos pode elevar as chances de abortos espontâneos. “Há um risco maior de aborto quando a paciente não é tratada previamente pelo próprio desarranjo hormonal causado pela síndrome”, enfatiza Natália.

Com os avanços da ciência, o sonho da maternidade pode não estar tão distante assim. Os médicos já são capazes de induzir a ovulação com o uso de uma substância conhecida como citrato de clomifeno. “Este ainda é o tratamento mais indicado para quem sofre com ovários policísticos e deseja engravidar”, garante a especialista.

O citrato de clomifeno é um medicamento via oral que estimula o crescimento dos folículos mas, como toda intervenção, envolve riscos. “A indução da ovulação pode aumentar o estímulo sobre os ovários, gerando a síndrome do hiperestímulo ovariano. Por isso, o médico deve acompanhar o desenvolvimento dos folículos através de ecografias seriadas”, explica Natália. O hiperestímulo costuma causar um aumento do volume dos ovários, gerando desconforto e dor. Em casos mais graves, a paciente precisa ser hospitalizada.

Outra alternativa moderna para dar uma mãozinha à cegonha é ministrar gonadotrofinas (hormônio FSH e hormônio LH). Enquanto o hormônio folículo-estimulante (FSH) estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos, o luteinizante (LH) controla o amadurecimento desses folículos. Independentemente do método escolhido, os resultados são animadores. “Quando a ovulação é induzida, as chances de engravidar em três ciclos (menstruações) são de até 70%”, afirma Natália. A porcentagem varia de acordo com a idade e a existência ou não de outros fatores de infertilidade associados.

Ficou mais fácil dar uma mãozinha à cegonha!

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