O ato de esperar os 3 meses de gravidez para falar sobre o assunto é comum, mas tem um lado negativo
Quando se fala em gestação, especialmente entre as famosas, é comum a ideia de que se deve esperar o fim dos 3 meses de gravidez antes de revelar a situação ao mundo. O motivo é a fragilidade do bebê durante o primeiro trimestre da gravidez – mas, apesar de ser algo válido, há também um outro lado para essa questão, que pode gerar prejuízos à mãe e à família.
Por que esperar 3 meses para anunciar a gravidez?
Não é raro que mulheres aguardem o fim do terceiro mês de gestação para revelar aos amigos e à família que estão esperando um bebê. Isso acontece pelo fato de que as doze primeiras semanas de desenvolvimento do feto, as chances de haver uma perda gestacional por motivos variados são maiores. É preciso frisar, porém, que essa questão também tem seu lado negativo.
Segundo informações disponíveis na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, entre 10 e 20% das gestações conhecidas terminam em perda gestacional. Isso tem relação com uma série de fatores.
É sabido, por exemplo, que a idade da mulher ao engravidar influencia as chances dela ter um abordo espontâneo no início da gravidez. Para mulheres que têm entre 20 e 30 anos, por exemplo, o risco de perda gestacional no primeiro trimestre fica entre 9% e 17%. Enquanto isso, a incidência de abortos espontâneos em mulheres de 45 anos de idade varia entre 75 e 80%.
Cerca de 60% dos abortos espontâneos que acontecem entre 6 e 10 semanas de gestação estão ligados a anormalidades cromossômicas. Algumas delas dificultam ou até impedem o desenvolvimento natural do feto, fazendo com que a gravidez não seja viável a partir de determinado momento. Além disso, nesse período, o feto também é mais suscetível a desequilíbrios imunológicos e inflamatórios ou uso de determinadas substâncias pela mãe.
Sendo assim, é compreensível que tantas mulheres busquem preservar a notícia da gestação. Isso assegura, por exemplo, que caso aconteça uma perda, o casal poderá lidar com a situação sem enfrentar tantas perguntas indelicadas ou comportamento condescendente de terceiros. Além disso, para muitos, há também a crença de que é preciso proteger o bebê de “maus agouros” durante sua fase mais frágil.
Outro lado da espera: desamparo em caso de perda gestacional e mais
Existe, no entanto, outro lado nessa questão. Isso porque, devido ao hábito tão difundido de não revelar uma gravidez, a quantidade real de perdas gestacionais ocorridas no primeiro trimestre acaba mascarada. É possível que existam mais casos que a quantidade documentada – e conhecê-los em sua integridade poderia ajudar mulheres que passam por isso a não se sentirem tão sozinhas.
Além disso, ao sofrer uma perda gestacional no início da gravidez sem que ninguém ao redor saiba, a mulher fica suscetível ao desamparo. É possível que elas se vejam em situações que provavelmente seriam evitadas por empatia caso a gravidez fosse de conhecimento geral.
Uma perda gestacional, mesmo quando a mulher não comunica a gravidez antes do aborto, confere direito de licença médica. Está previso pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) o repouso remunerado de 15 dias a mães que passam por essa situação, desde que tenham um laudo comprovando o ocorrido. Caso as pessoas próximas não saibam da situação, ela pode ser marcada por perguntas indiscretas e comentários indelicados.
Sendo assim, ao engravidar, cabe avaliar os pontos positivos e negativos de aguardar o segundo trimestre da gestação para falar sobre o assunto com pessoas próximas. Pessoas de confiança podem ser um porto-seguro caso a gestação não siga adiante, e é possível que a mãe encontre mais amparo, além de contribuir com estatísticas mais realistas capazes de tranquilizar outras mulheres na mesma situação.