Cerimônias de casamento > Casamento japonês

União japonesa

Até nas cerimônias de casamento os japoneses se utilizam de pouco espaço. De acordo com Lumi Toyoda, pesquisadora e consultora de etiqueta social e empresarial japonesa, uma cerimônia muito comum na religião xintoísta, a principal do país, tem o nome de Sun Sun Kudo. Nesse tipo de celebração, geralmente só participam os noivos, os pais e os padrinhos, além dos sacerdotes. “Nem sempre os convidados comparecem à cerimônia. Na maioria das vezes, eles vão apenas à recepção”, conta a especialista em cultura japonesa.

O ritual, continua Toyoda, consiste em uma espécie de brinde com sakê tomado em três cálices sobrepostos. Os cálices são de três tamanhos diferentes, numa espécie de tigela rasa, típica do país: “O primeiro a tomar é o noivo, depois vem a noiva e em seguida os padrinhos. Por fim, os demais presentes. Cada um toma o sakê em três goles em cada cálice“. Segundo ela, o significado é de uma aliança sacramentada três vezes: “Já que o número três não pode ser dividido por dois, quer dizer que essa benção só é possível a dois”.

No vestuário, os tradicionais quimonos. Mais exigido no caso da mulher, o homem pode trajar um terno ou fraque, por opção. Mas a especialista faz uma ressalva: “Os noivos sempre carregam um leque, que faz parte dos trajes tradicionais masculino e feminino de casamento”. Há um outro ritual que despertaria controvérsia. Em algumas celebrações, a noiva entra no altar com chifres cobertos por uma touca branca. Toyoda esclarece: “O sentido de chifre é diferente. Aqui significa a bravura da mulher escondida perante seu futuro marido”.

A noiva usa o branco, segundo ela, para significar a pureza. O kimono é completamente branco e dispensam-se colares, correntes, pulseiras brincos e anéis. O esmalte deve ser discreto, alternando entre o transparente e o levemente rosado. O penteado segue o estilo tradicional. “Muitas vezes, quando não conseguem fazer o coque, as mulheres usam perucas com bastantes ornamentos coloridos, principalmente dourados”, descreve.

As cerimônias normalmente são realizadas nos templos xintoístas, mas, como em muitos casos eles não são fechados e muito pequenos, é comum ocorrerem cerimônias em locais públicos. “Está na moda”, destaca a especialista. Nos templos, no entanto, o cerimonial é repleto de discrição e reverência: “É comum os sacerdotes usarem a vestimenta semelhante aos membros masculinos da família real para realizar o matrimônio”. No altar, onde os noivos tomam o sakê, são colocadas bençãos: “São as colheitas da terra e do mar. Hortaliças, frutas, peixe, algas marinhas. Na bandeja central do altar é que fica o sakê”, conta Toyoda.

Ao final da cerimônia, os noivos se encaminham para a recepção, onde fazem a confraternização com os seus convidados. “Antigamente a festa era realizada na casa do noivo. Hoje as festas acontecem em bufês, restaurantes ou locais apropriados”, esclarece a pesquisadora. Toyoda aponta a última novidade nas uniões japonesas: “É a ‘ foto casamento‘, para noivos que não querem realizar um enlace formal. Eles se vestem somente para tirar fotos para futuras lembranças”, conclui.